 |
Curso de Arrais Amador realizado recentemente em Coari. Fotos: Divulgação/Seind |
Por: Isaac Júnior
O número de indígenas interessados em participar do curso
preparatório para a prova que possibilita a obtenção da carteira de “Arrais
Amador” tem aumentado nos últimos meses no Estado do Amazonas. De janeiro até a
primeira semana de agosto, o curso superou a casa de 100 participantes, com
beneficiamento direto para indígenas dos povos Sateré, Apurinã, Tikuna, Tukano,
Arara, Miranha, Kambeba e Kokama, distribuídos entre os municípios de
Tonantins, Iranduba e Coari.
Ministrado
por meio da parceria entre a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas
(Seind) e o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), o curso é
intensificado no interior pelo Governo do Amazonas, dentro das normas
estabelecidas pela Marinha do Brasil em todo o Território Nacional. A Carteira de Habilitação de Amador
(CHA), como é conhecida, tem validade de dez anos e permite
a essas populações, a oportunidade de conduzir embarcações de pequeno porte
pelos rios da Amazônia.
A
capacitação faz parte da Câmara 3, do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre
o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai), intitulada
Melhoria da Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas. “A ação do
Governo do Estado é de suma importância para os povos indígenas, pois ajuda a
regularizar a profissão dos nossos irmãos indígenas e cria novas oportunidades
de profissionalizá-los no interior”, destacou o secretário em exercício da
Seind, José Mário Mura.
Apoio
fundamental
Para atender a grande procura, a visita de técnicos do
Governo do Amazonas tem sido cada vez mais constante às comunidades do interior,
com apoio de algumas prefeituras municipais e das próprias organizações
indígenas. A última delas foi entre os dias 6 e 14 deste mês, no município de
Coari (a 370 quilômetros de Manaus), onde o curso de “Arrais Amador” capacitou um
grupo de 50 indígenas, dos povos Tikuna, Tukano, Arara, Miranha, Kambeba e
Kokama.
 |
Embarcações utilizadas pelos participantes durante o curso em Coari (AM) |
Em junho, a ação já havia beneficiado aproximadamente
30 indígenas tikuna e kokama em Tonantins (a 867 quilômetros de Manaus). O
projeto também levou benefícios de forma indireta a 1,4 mil indígenas e atendeu
a uma demanda da Associação do Povo Kokama da Sede de Tonantins (APKST),
localizada na comunidade Igarapé do Manacá.
 |
Técnico da Seind, Ronisley Martins (ao centro) ensina técnicas de nós aos participantes em Tonantins (AM) |
Em julho, o curso chegou a Iranduba (a 70
quilômetros de Manaus) para 25 pessoas, em cumprimento às condicionantes
indígenas para atendimento ao Programa de Compensação e Mitigação da Ponte
sobre o Rio Negro.
Nos três casos, todos os participantes receberam
noções sobre condução e segurança em navegação fluvial e foram qualificados
conforme as normas de navegação e conteúdos específicos para subsidiá-los
durante a realização da prova.
Linguagem adequada
O conteúdo é transmitido dentro de uma linguagem
adequada aos próprios indígenas, de acordo com o técnico do Departamento de
Etnodesenvolvimento da Seind e instrutor do curso, Ronisley Martins. “Não é só
conhecimento técnico que é passado, mas há uma adequação da linguagem ao
conhecimento tradicional, ou seja, a didática é o envolvimento deles com a
dinâmica, para que obtenham o conhecimento por meio da atividade”, explicou
Ronisley.
Durante o preparatório, entre aulas teóricas e
práticas os indígenas têm acesso a nomes, tipos e outros detalhes sobre
embarcação; normas de segurança em navegação; sinalização; equipamentos de
salvatagem; registro e cartografia náutica. São repassadas técnicas de nós,
ancoragem, salvamento aquático, além de noções sobre primeiros socorros,
combate a incêndio e meio ambiente.
Após realizar o curso, algumas prefeituras têm
encaminhado os nomes dos aprovados à Capitania dos Portos, para que realizem a
prova, de acordo com o calendário estabelecido pela Marinha. O certificado de participação
é entregue pelo Cetam.