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Indígenas do Paraná do Dururuá mostram resultado da pesca realizada em Coari. Fotos: Divulgação/APITPAD) |
Por: Isaac Júnior
Aproximadamente 120 indígenas do povo Tikuna, que
vivem nas comunidades São Miguel e São José do Paraná do Dururuá, foram beneficiados
diretamente com a pesca e comercialização de quase 19 toneladas de tambaqui e
pirapitinga. A ação ocorreu nas últimas três semanas em Coari (a 370
quilômetros de Manaus) e já contabiliza uma renda de R$ 114,5 mil, graças ao Projeto
de Manejo de Pescado da Associação
dos Povos Indígenas Tikuna do Paraná do Dururuá (APITPAD).
O projeto é
executado há dois anos pela entidade, com o apoio técnico da Secretaria de
Estado para os Povos Indígenas (Seind), por meio do Comitê
Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional
do Índio (Funai).
A pesca foi realizada em três lagos: Campina Grande,
Fundão e Campininha. Do total contabilizado, aproximadamente 11,4 mil quilos (que
equivalem a 11 toneladas) foram pescados no primeiro lago; 5,1 quilos no segundo
e 2,1 quilos no terceiro.
Pela medida do peixe, vendida a seis reais o quilo,
os indígenas obtiveram uma renda de R$ 68,8 mil. Já o filé saiu por sete reais
o quilo e rendeu R$ 41,8 mil, contra R$ 4 mil da pirapitinga, que foi
comercializada a três reais, o quilo.
Renda do que foi comercializado é distribuída entre os indígenas. Foto - APITPAD |
A Seind
tem acompanhado a execução do projeto em Coari, por meio da câmara
técnica “Sustentabilidade Econômica dos Povos Indígenas” – que representa a quarta
das quatro câmaras que fazem parte do Comitê Gestor –, atendendo às próprias demandas apresentadas pelos
indígenas junto à secretaria.
Dois
anos
Em março deste ano, a Seind fez a entrega de nove
redes para os indígenas, em São Miguel do Dururuá. De acordo com o titular da
pasta, Bonifácio José Baniwa, o projeto de dois anos se consolida com o apoio
técnico e com o resultado positivo que vem das próprias aldeias.
Redes que foram entregues pela Seind em março de 2014 |
“Isso é a sustentabilidade
que se espera, na prática, a partir dos programas de governo junto aos povos
indígenas”, justificou o secretário. “É também a contribuição das terras e
comunidades indígenas para a sociedade em geral”, completou.
Durante o período de execução, as linhas de ações do
projeto possibilitaram a realização de várias reuniões com lideranças indígenas,
além de cursos direcionados exclusivamente para a contagem do pescado em ao
menos 23 lagos, da comunidade de São
Miguel do Paraná do Dururuá, que fica a aproximadamente cinco horas de barco de
Coari.
Parte prática das oficinas realizadas nas comunidades |
Os cursos foram realizados pelo Governo do Amazonas, por
meio da parceria entre a Seind, a APITPAD, a Prefeitura Municipal de Coari e
outras instituições como a Associação das Comunidades de Jutaí (ACJ) e a
Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), que atuou na validação da
contagem.
Pirarucu
Para novembro do ano que vem está prevista a despesca do pirarucu.
A pesca do tambaqui e da pirapitinga foi realizada por aproximadamente 60
indígenas, todos do povo Tikuna. Um deles é o vice-presidente da APITPAD,
Armênio de Souza, 45, que considerou a ação com uma vitória para as famílias
das duas comunidades beneficiadas.
“É fruto de um trabalho que começou há cinco anos, com o engenheiro
de pesca Antônio da Silva Parente, do Pró-Rural, e representa a primeira despesca
feita em longa escala na localidade”, comemorou Armênio. Ele também exaltou o
apoio da Colônia de Pescadores Z56, da Funai e do Instituto do Meio Ambiente
(Ibama), para o sucesso do projeto.
Indígena terá mais peixe para comercializar em 2015 |
O Pró-Rural é o Programa Estratégico de Transferência de
Tecnologias para o Setor Rural, que é executado no Amazonas pela Fundação de
Amparo à Pesquisa (Fapeam) e as Secretarias de Estado de Produção Rural
(Sepror) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti/AM).
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