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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Indígena amazonense cola grau em Medicina pela UEA e Seind enaltece compromisso com os povos indígenas


Gércia Hermínio, do povo Baré, no instante do juramento. Fotos: Divulgação/Seind

Mais uma indígena beneficiada pelo sistema de cotas consegue concluir um curso superior pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Trata-se de Gércia Hermínio de Albuquerque, 31, do povo Baré e natural de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), que colou grau em Medicina nesta segunda-feira (13), na Faculdade de Ciências da Saúde em Manaus.

Gércia já possuía o curso técnico em Enfermagem, mas sentiu a necessidade de fazer Medicina, por conta da rotatividade de médicos e enfermeiros no município.

A colação especial reuniu nove formandos, entre a única indígena da turma e não indígenas de Manaus, Itacoatiara e Manacapuru, que deverão voltar para suas cidades para exercer a função de clínico geral.
Objetivo é retornar ao município onde nasceu para compartilhar conhecimento

A política de Cotas da UEA segue as determinações dispostas na Lei 2.894/2004 e a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) tem apoiado e orientado os indígenas a participar do processo, inclusive com uma ampla divulgação junto às comunidades. “Com isso, os povos indígenas mostram a capacidade que têm de enfrentar esse tipo de curso, considerado bem difícil, e também o compromisso de retornar à sua comunidade e ao seu povo para compartilhar o que aprenderam”, destacou o secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa. 

Entre idas e vindas de Manaus a São Gabriel, Gércia passou sete anos para concluir o curso. Uma das maiores dificuldades foi a perda da mãe. Maria Auxiliadora Velasque morreu em 2011, aos 64 anos. “Durante o estudo, minha mãe ficou doente e eu contei com a ajuda dos colegas de turma. Eles me apoiaram nos momentos mais difíceis”, disse a indígena, que dedicou todo o esforço, com o desfecho da formatura, à memória da mãe.


O pai de Gércia, Alfredo Coimbra, de 78 anos, veio da comunidade de Cucuí, no alto Rio Negro, exclusivamente para ser o paraninfo dela.
Com o pai, Alfredo Coimbra, e amigos de São Gabriel e Manaus

A indígena viaja nos próximos dias para São Gabriel e retorna em dezembro para fazer a prova de Residência Cirúrgica.
Recompensa por tanto esforço é apenas o início de uma longa caminhada

Outros médicos
A UEA ainda não possui o quantitativo exato de indígenas formados em Medicina no Amazonas, mas o número de pessoas interessadas em fazer o curso tem aumentado nos últimos anos.

O interesse é tanto pelo curso que, alguns têm procurado alçar vôos bem mais difíceis em outros estados. É o caso de Adana Kambeba, que nasceu na zona rural de Manaus e é a primeira indígena do Amazonas a ingressar no curso de Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela entrou em 2012 e, a exemplo de Gércia, pretende retornar às origens e contribuir com o conhecimento adquirido, junto aos povos indígenas.

Números
Os números da UEA apontam que, de 2005 a 2012, o Governo do Amazonas ofertou mais de 500 cursos pelo sistema de cotas. As vagas ofertadas chegaram a quase 1,5 mil, enquanto que os inscritos somaram a aproximadamente 7 mil indígenas.

Nem todas as vagas foram preenchidas, mesmo assim, os números são considerados positivos.    


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