Aprovação do Estatuto da nova entidade, na assembleia realizada em Tapauá. Fotos: Depi/Seind |
Após uma mobilização que durou quase dois anos, aproximadamente
60 mulheres indígenas dos povos Deni, Paumari, Apurinã e Katukina criaram, na
região do médio rio Purus, a Associação das Mulheres Indígenas do Município de
Tapauá (Amimt). A entidade é resultado de uma luta direcionada ao
fortalecimento, conquista de espaço e participação nas discussões do movimento
indígena naquela região do Estado do Amazonas.
Falada na língua nativa, como forma de fortalecer a
própria identidade, a assembleia que criou a Amimt foi realizada nos dias 1º e
2 deste mês, no salão principal da paróquia Santa Rita de Cássia, com apoio do
Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas
(Seind), e de outros parceiros como a Federação das Organizações Indígenas do
Médio Purus (Focimp), Operação Amazônia Nativa (Opan) e Arquidiocese de Tapauá
(a 450 quilômetros de Manaus).
Mulher Deni, uma das participantes do evento, que teve até apresentação na língua nativa com direito à tradução para o português |
A atividade faz parte das linhas de ação da câmara técnica
“Melhoria da Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas”, do Comitê
Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional
do Índio (Funai).
“Entre as principais reivindicações colocadas pelas
indígenas durante a assembleia estão as relacionadas aos direitos dos povos
indígenas, à qualificação profissional e o trabalho com o artesanato”, destacou
a chefe do Departamento de Promoção dos Direitos Indígenas (Depi), da Seind,
Rose Meire Barbosa. Além de acompanhar e assessorar todas as discussões, a
secretaria apoiou o evento financeiramente.
Apresentação da Seind, com a chefe do Depi, Rose Meire Barbosa |
Fortalecimento
A criação da Amimt em Tapauá também é fruto de
outras experiências que deram certo no âmbito feminino do movimento indígena. É
o caso da Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn) e do
Departamento de Mulheres Indígenas da Federação das Organizações Indígenas do
Rio Negro (Foirn).
Eleita como primeira coordenadora da Amimt, Leonita
Francisca da Silva, do povo Paumari, informa que a organização irá trabalhar
com projetos que tratem das questões tradicionais e econômicas. “Teremos nossa
primeira reunião no próximo dia 10 (sexta-feira), para elaborarmos o documento
que iremos enviar à Seind e a outras instituições, que podem nos ajudar na
elaboração dos projetos”, informou Leonita. “Vamos visitar as vinte e seis
aldeias para divulgar a Amimt e ouvir sugestões das comunidades”, acrescentou a
vice-coordenadora, Lídia Aiden Pereira, do povo Kokama.
Luta
diária
Casada e mãe de quatro filhos, Leonita Paumari, de
29 anos, nasceu na aldeia Terra Nova (a 12 horas de voadeira de Tapauá) e
revela que mantém uma luta diária em prol dos povos indígenas há anos. De
acordo com a indígena, a Amimt representa uma conquista e, sobretudo, a voz das
mulheres indígenas em Tapauá. “A gente vem lutando há muito tempo e sempre
éramos incentivadas por pessoas de dentro da própria Casai (Casa de Saúde
Indígena) a criar uma organização que nos representasse de forma legítima”, informou
Leonita. “Esse é o nosso momento”, finalizou.
A coordenação da Amimt é formada ainda pela
secretária Elaíne Vieira (kokama), a 2ª secretária, Suzane Trajano de Souza
(apurinã), a tesoureira, Josilane Pereira de Queiroz (não indígena, mas esposa
de indígena) e a 2ª tesoureira, Marinalva Maciel Saraiva (apurinã).
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