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Dona Terezinha, do povo Sateré. Foto: Divulgação |
Considerada
a matriarca do povo Sateré-Mawé em Manaus, a indígena Tereza
Ferreira de Souza, morreu na manhã desta quarta-feira (13) aos 97 anos, vítima
de parada cardíaca respiratória. Dona Terezinha
(como era conhecida) nasceu na aldeia Ponta Alegre, no baixo rio
Amazonas, e era mãe de oito mulheres, dentre as quais
Zenilda da Silva, a Aruru (fundadora da Associação das Mulheres Indígenas
Sateré-Mawé), e Zelinda da Silva, a Dona Bacu, da aldeia Sahu-Apé, local onde o
corpo será enterrado na manhã desta quinta-feira (14).
Dona
Terezinha lutava contra o diabetes e estava internada
há quase um mês, por conta de uma queda. A notícia da morte dela foi lamentada
entre lideranças, organizações, comunidades, pesquisadores e demais pessoas
ligadas aos povos indígenas. “Graças à luta de pessoas como ela é que
hoje temos uma secretaria e a participação indígena dentro do Governo do
Amazonas”, destacou o titular da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas
(Seind), Bonifácio José Baniwa. “Nós, seus filhos e netos estamos no caminho
que ela nos ensinou”, enfatizou o secretário.
Dona
Terezinha chegou à capital amazonense no fim da década
de 1960 e morava na Aldeia Iwi, que significa Gavião em saterê. Há uma semana, ela
foi transferida para o polo base de saúde de Manacapuru (a 84 quilômetros de
Manaus), para ser acompanhada de perto por familiares de Sahu-Apé. “Além de
cair, ela estava com o braço queimado”, lamentou Lucemir Freitas, o Batata,
neto da indígena.
Mito
De acordo
com o antropólogo Luciano Cardenes, o falecimento de Dona Terezinha representa
a morte de uma guerreira e o nascimento de um mito. “As comunidades Sateré-Mawé de Manaus perdem a presença
física de uma guerreira que ao passar para o mundo de Tupana, torna-se o mito
que sempre foi”, destaca o pesquisador.
Dona
Terezinha chegou à capital amazonense no fim da década de 1960. Segundo Luciano,
a história de migração dela é o elemento primordial para a existência, início e
formação das comunidades indigenas Yapyrehyt, no bairro (bairro Redenção, em
Manaus), Inhã-bé (Igarapé Tarumã-Açu) e Sahu-Apé (Iranduba). “Deixa de ser uma
trajetória individual e passa a ser o mito de origem dos Sateré-Mawé dessas
comunidades de Manaus e região metropolitana”, destacou Luciano Cardenes.
A FOTO DE DIVULGAÇÃO É DE AUTORIA DA ANTROPÓLOGA KALINDA FELIX E FOI REGISTRADA NO ANO DE 2007.
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