A implementação de ações compensatórias às emissões de
CO2 de combustíveis fósseis gerados, apresentada na Carta da Amazônia por
governadores da região amazônica à Organização das Nações Unidas (ONU) e
amplamente debatida nos eventos paralelos do encontro pelos indígenas, será um
dos temas principais da 10ª Assembleia Geral Ordinária da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que começou a ser discutida
nesta sexta-feira (dia 8) e terá o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria
de Estado para os Povos Indígenas (Seind).
Aproximadamente 500 indígenas, entre os quais 138
delegados que representam os nove estados da Amazônia Brasileira, deverão
participar do evento, previsto para ser realizado entre os dias 5 e 9 de
agosto, na sede da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), localizada
no município de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus).
A Assembleia Geral da Coiab é realizada a cada quatro
anos, a última foi em 2009, na aldeia São José, do povo Krikati, no Maranhão. A
proposta é que, em 2013, o encontro faça parte da programação de atividades do
Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação
Nacional do Índio (Funai). “Estamos
recebendo o projeto de forma oficial e agora vamos apresentá-lo ao Comitê
Gestor e agendar uma reunião em conjunto, com o governador, para buscarmos os
recursos”, informou o secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa.
Assembleia de 2009, no Maranhão, que escolheu nova coordenação. Fotos: Divulgação/Coiab |
O projeto da Coiab tem custo total previsto de R$
726 mil e também será apresentado à presidente da Funai, Marta Azevedo, até o
fim deste mês. Antes, porém, Bonifácio e o coordenador da entidade, Marcos
Apurinã, irão até São Gabriel da Cachoeira para solicitar apoio de instituições
locais. “Entendemos que esta assembleia será muito importante para discutirmos
sobre mudanças climáticas, aquecimento global, que têm a ver com todo o planeta
e, dentro de uma visão macro, tanto o governo quanto parceiros como o Exército têm
como contribuir nessa questão”, ressaltou o titular da Seind.
Assessoria
técnica
Além de contribuir com parte dos recursos, a Seind
prestará assessoria técnica à assembleia, que tem como um dos objetivos, definir
os novos rumos da organização de base do movimento indígena, para o próximo
mandato da nova coordenação executiva a ser eleita. “Em termos de visibilidade, o encontro será de
suma importância para o governo, pois também teremos a participação de líderes
da América Latina, que estão envolvidos diretamente com a questão ambiental e
de sustentabilidade dos povos indígenas”, destacou Marcos Apurinã.
Coordenação atual da Coiab: Marcos Apurinã (coordenador), Sônia Guajajara (vice), Cleiton Javaé (secretário) e Kleber Karipuna (tesoureiro) |
Organização
forte
Entidade civil sem fins lucrativos, a Coiab foi
fundada em 19 de abril de 1989 e é formada por um conjunto de mais de 200
organizações representativas de 440 mil povos que habitam a Amazônia
Brasileira, dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins. A Coiab trabalha no sentido de unificar as ações
do movimento indígena amazônico de forma estratégica em áreas como direito às
terras indígenas (demarcação e ratificação de reservas), direito a um programa
de saúde diferenciado, criação de condições para participação plena das
mulheres indígenas no movimento indígena, entre outros.
Com sede em Manaus, à rua Bernardo Ramos, 97, Centro,
a Coiab também tem uma representação em Brasília, que é utilizada para
articulação política e de apoio a organizações indígenas em relação às agências
governamentais e não governamentais.
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