Letanfran, o segundo da esq. para a dir., foi o destaque da seletiva em Tabatinga. Fotos: Deniziu Tikuna (Depi/Seind) |
O estudante Letanfran Miguel Alexandre, 12, do povo
Tikuna, foi o principal destaque da seletiva do projeto “Arquearia Indígena do
Amazonas para a Rio 2016”, realizada entre os dias 4 e 10 de março, no alto rio
Solimões, com apoio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind). Conhecido
como Utchiquecu (que significa clã de saúva), o menino foi o único que
conseguiu acertar o alvo, numa atividade que reuniu aproximadamente 30 jovens
indígenas, na aldeia Umariaçu 2, localizada no município de Tabatinga (a 1.105
quilômetros de Manaus).
Apesar do feito, Letranfan não foi selecionado para
o projeto, por estar fora da faixa etária exigida, que é de 14 a 19 anos. Mesmo
assim, o indígena deverá ser relacionado para a disputa Campeonato Brasileiro
Escolar deste ano.
A falta de prática na utilização do arco com flecha,
no dia a dia da maioria dos jovens de Umariaçu 1 e 2 e de Porto Cordeirinho
(Benjamin Constant), foi um dos motivos encontrados para o fraco desempenho dos
participantes. “Cada arqueiro teve direito a três tentativas, mas tiveram
dificuldades por não praticarem, o que influenciou nos resultados”, informou o
assessor da Seind, que acompanhou a seletiva em Tabatinga, Deniziu Peres
Tikuna.
Deniziu Tikuna fala da importância da participação indígena no projeto |
Além do alto Solimões, também foram realizadas seletivas
em comunidades indígenas de Atalaia do Norte e São Gabriel da Cachoeira (a 858
quilômetros de Manaus).
“Em São Gabriel selecionamos uma menina de quinze
anos, do povo Baniwa, e em Atalaia foi um menino de 16 anos, do povo Mayoruna.
Ambos ainda dependem de conversa com as próprias lideranças para vir treinar em
Manaus”, informou a coordenadora das seletivas, Márcia Lot.
Márcia Lot comemora feito do garoto de 12 anose diz que há grande possibilidade de ele participar de competição nacional |
A Seind apoiou a ação por meio da câmara técnica
“Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas”, do Comitê Gestor entre o
Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Novos
talentos
Executado em parceria também a Federação Amazonense
de Tiro com Arco (Fetarco) e a Secretaria de Estado do Desporto, Juventude e
Lazer (Sejel), o projeto da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) tem o objetivo de
descobrir novos talentos da arquearia, entre estudantes indígenas regularmente
matriculados na rede de ensino de todo o Estado. A proposta é contribuir para a
formação de atletas de alto nível na modalidade tiro com arco, com vistas a uma
possível participação desses jovens nos próximos Jogos Olímpicos, que estão programados
para 2016, no Rio de Janeiro.
Vontade e empenho não faltaram aos jovens indígenas |
“No âmbito geral, as atividades foram ótimas, pela
boa participação dos indígenas”, destacou Márcia Lot. “Um exemplo disso foi uma
equipe grande de meninas, que se deslocaram de barco de Benjamin Constant para
participar”, disse a professora de educação física.
Participação feminina foi grande e importante para o processo de seleção |
Ação
continua
Todos os resultados da viagem às três regiões do
Estado e as novas perspectivas do projeto serão socializados por Márcia Lot, na
próxima segunda-feira (17) à tarde, na Seind. A secretaria chegou a elaborar
uma agenda de visita às comunidades, com o objetivo de identificar as áreas que
receberiam as seletivas.
Atualmente, oito atletas indígenas treinam na Vila
Olímpica de Manaus, entre os quais uma menina. Todos foram avaliados em nível
de postura, coordenação, força, alinhamento e ancoragem. Aqueles que se
destacarem seguirão para São Paulo e, consequentemente, para o Rio de Janeiro,
onde deverão fazer parte da seleção brasileira nos próximos Jogos Olímpicos.
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