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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Seind finaliza projeto de fortalecimento do artesanato indígena no Vale do Javari


Grupo da última oficina, na aldeia Boa Vista, em maio e junho deste ano. Fotos: Rosa dos Anjos (Detno/Seind)

Com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) finalizou na primeira quinzena deste mês, o projeto Fortalecimento do Arranjo Produtivo ao Artesanal Indígena do Vale do Javari. As ações foram realizadas na aldeia Boa Vista, localizada na região do rio Ituí, com o objetivo de organizar e potencializar a atividade artesanal e proporcionar uma garantia de complementação de renda para as comunidades indígenas que vivem na terra indígena Vale do Javari. 
Indígenas do Vale do Javari que participaram do projeto

O projeto é de R$ 256 mil e começou a ser executado em 2007 pelo Governo do Amazonas e parceiros, por meio da já extinta Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi/SDS). Durante o período foram abordados seis eixos de ação, entre os quais o levantamento sobre as tipologias de artesanato da região do Vale do Javari e identificação de comunidades indígenas com potenciais de produção de artesanato. As outras etapas também priorizaram os recursos humanos indígenas, com a realização de oficinas e, consequentemente, a capacitação de 120 multiplicadores dos conhecimentos adquiridos, além de 60 gestores indígenas, dos povos Marubo, Kulina, Mayoruna, Matis e Kanamary. 
Atividade reúne homens e mulheres

Todos terão a missão de potencializar não somente esse tipo de arranjo produtivo, mas integrá-lo a outros arranjos produtivos regionais que se fizerem necessários. 

“Essa capacitação deu-se, inclusive, com a utilização de indígenas como tradutores das línguas nativas”, destacou a coordenadora do projeto e técnica do Departamento de Etnodesenvolvimento da Seind (Detno/Seind), Rosa dos Anjos.  

A última fase do projeto prevê a confecção de 100 catálogos dos artesanatos trabalhados, que servirão de apoio para a comercialização dos produtos pelas organizações indígenas. 
De acordo com Lindomar Vagas (a Linda Marubo), que é chefe do Departamento de Finanças da Seind e também acompanhou todas as atividades, um dos pontos positivos foi a participação feminina no projeto.
"A demanda é mais delas, pelo volume maior de trabalho relacionado ao artesanato indígena", disse Linda. 
Lindomar Marubo (segunda, da esquerda para a direita) e Rosa dos Anjos (à direita) ministram as oficinas, com direito a pintura no corpo, feita pelos próprios indígenas
Além da Fundação Nacional do Índio (Funai), são parceiros da Seind na execução do projeto, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Associação Marubo de São Sebastião (AMAS), Associação dos Kanamary do Vale do Javari (Akavaja), (Organização das Aldeias Marubos do Rio Ituí (OAMI), Associação Indígena dos Matis (AIMA), Organização Geral dos Mayorunas (OGM) e Prefeitura Municipal de Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros de Manaus).

Qualidade dos produtos
A execução do projeto Fortalecimento do Arranjo Produtivo do Artesanato Indígena do Vale do Javari responde às demandas das comunidades indígenas do Vale do Javari, quanto ao escoamento da produção e a melhoria da qualidade final dos seus artesanatos. 

“Parte do resultado desse trabalho pode ser conferida esta semana em Manaus, numa exposição organizada pelos próprios indígenas, com apoio da Seind, no Amazonas Shopping”, informou Rosa dos Anjos.
Melhoria na qualidade do produto é trabalhada entre os participantes

A terra indígena do Vale do Javari possui uma área de 8,5 milhões de hectares e localiza-se na mesorregião do alto rio Solimões/Javari, que está situada a sudoeste do Estado, na fronteira com Peru e Colômbia, e compreende nove municípios: Atalaia do Note, Amaturá, Tabatinga, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Içá, Jutaí, Fonte Boa e Tonantins.

Valorização da cultura
O projeto também ressalta a importância de se valorizar a cultura e a identidade indígena regional, propiciando aos jovens indígenas que encontram-se em situação de risco, uma melhor percepção e valorização das suas culturas tradicionais artesanais, o fortalecimento da língua e dos mitos relacionados ao artesanato indígena.
Houve tempo até para conferir o informativo da Seind, Pusika Puranga (Notícias Boas)

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Hora de vestir a camisa pela Seleção Brasileira

Servidores e colaboradores da Seind vestiram a camisa para torcer pelo Brasil, na abertura da Copa do Mundo, nesta quinta-feira (dia 12). O friozinho na barriga começou cedo, mas a confiança em um grande resultado é unanimidade entre a moçada.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Entidade que luta por unificação e a paz mundial agradece apoio da Seind


Secretário Bonifácio José (centro) e os visitantes Rodolfo Funes Mapuche (esq.) e Manoel Fernandes Moura Tukano. Foto: Isaac Júnior (Ascom/Seind)

Representantes da Federação Indígena pela Unificação e Paz Mundial (Fiupam) estiveram na Seind, nesta terça-feira (dia 10), para agradecer o apoio institucional do Governo do Amazonas, que possibilitou a projeção da entidade em nível internacional nos últimos nove anos. Em 2005, a então Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi), que antecedeu a Seind, doou equipamentos de filmagem para que a organização participasse do encontro cultural “Ritos, Mitos e Chamas”, realizado em Caracas, na Venezuela, com apresentação de danças, cantos e rituais de vários povos. 
  
O evento reuniu indígenas de diversos países e teve grande importância para o crescimento da Fiupam, pois ampliou o leque de divulgação para a proteção dos direitos e conhecimentos tradicionais dos povos indígenas sul-americanos em todo o mundo. 

Em fevereiro de 2014, o reconhecimento veio por meio de uma premiação em terras argentinas. 

“Após recebermos uma filmadora da Fepi, tivemos a oportunidade de participar de um grande evento na terra de Hugo Chaves e agora ganhamos um prêmio importante de uma universidade argentina”, destacou o vice-presidente da Fupam, Rodolfo Funes Mapuche, que é chileno e mora em Manaus desde 1970. 

Acompanhado do presidente da entidade, Manoel Fernandes Moura Tukano, Rodolfo foi recebido na Seind pelo secretário do órgão, Bonifácio José Baniwa, que era o presidente da Fepi na época em que a Fiupam recebeu o “aval” para participar do encontro no Teatro Tereza Careño.

“A Seind tem um trabalho de valorização da cultura aqui e fora, mas ainda há necessidade de uma política pública voltada para essa área no Estado”, observou Bonifácio José.
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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Incêndio atinge Casa de Produtos Indígenas Wariró em São Gabriel da Cachoeira


Centro Wariró, antes e depois do incêndio ocorrido na madrugada desta segunda-feira. Fotos: Divulgação/Seind

Por: Isaac Júnior 

Fruto de uma parceria entre o Governo do Amazonas e a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), o Centro de Comercialização de Produtos Indígenas Wariró foi praticamente destruído em decorrência de um incêndio, na madrugada desta segunda-feira (dia 9). Os três pisos e o subsolo do imóvel, que funciona desde 2009 no município de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), foram atingidos pelas chamas e o prejuízo estimado é de R$ 1,5 milhão. 

Os motivos do incêndio ainda não foram revelados, mas a Foirn já fez o boletim de ocorrência e vai acompanhar a investigação dos fatos pela Polícia Civil.

Computadores das cinco subcoordenadorias da Foirn, mesas, CDs, DVDs, livros, documentos e a área que serve de alojamento foram todos destruídos pelas chamas. Artigos com valor agregado, feitos de forma tradicional a partir de matérias-primas retiradas e processadas de maneira sustentável – como bolsas de fibra de tucum, cerâmica tukana, cestos yanomami, pimenta em pó, farinha de tapioca, pupunha, mandioca e artesanatos de várias etnias, também foram perdidos.
Outra foto do local destruído

Apesar do estrago, não houve vítimas. Contudo, a ocorrência foi registrada três dias depois do encerramento do “Seminário Rio Negro de Educação e TEERN – Nossas experiências e lições aprendidas para Políticas Públicas”, que foi realizado no local e que reuniu aproximadamente 500 indígenas.

“Boa parte dessas pessoas ficou hospedada no alojamento até sábado, quando foram embora”, informou o vice-presidente da Foirn, Isaías Fontes Baniwa.

Desenvolvimento sustentável
Criado em 2005, o projeto do Centro Wariró é destinado a promover o desenvolvimento sustentável dos povos indígenas no rio Negro, com valorização do conhecimento tradicional, geração de renda para as famílias, preservação e incentivo de práticas ancestrais, por meio da venda de produtos indígenas.
Imagem interna, com atividade envolvendo indígenas de vários povos

Parceria
A Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) é parceira da Foirn e, desde o início, tem participado das ações que visam ao bom funcionamento do Centro. Em maio de 2013, por exemplo, o Governo do Amazonas apoiou a entidade na realização da oficina “Plano de Negócio de Gestão do Centro de Comercialização de Produtos Indígenas Wariró”. O evento foi realizado em São Gabriel da Cachoeira, com o objetivo de capacitar as lideranças indígenas locais para que sejam gestoras do próprio negócio no empreendimento.
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Contatos:
Isaías Fontes Baniwa – (97) 3471-1001 / 8104-2184

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Organizações indígenas apoiam fortalecimento institucional da Seind


Sec. Bonifácio e lideranças indígenas da Foirn, em São Gabriel. Renato Tukano (dir.) e Isaías Baniwa (centro). Fotos: Isaac Júnior (Ascom/Seind)



Com base na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que define melhorias nas receitas orçamentárias do governo estadual para o órgão, esta semana algumas das principais organizações indígenas do Amazonas se posicionaram a favor do fortalecimento institucional da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind). 

A PEC foi protocolada na terça-feira (dia 3), com o apoio de oito deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (AFE-AM), e a proposta é apontar o “porcentual das receitas correntes líquidas da arrecadação a ser destinado para assistência, valorização, organização e defesa dos povos indígenas”.

Desde 2012, o secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa, tem ocupado a tribuna da Assembleia para defender melhorias no orçamento que é destinado ao órgão. A rotina se repetiu em 2014 e acontece sempre na semana alusiva ao Dia do índio (19 de abril), por ocasião da cessão de tempo em homenagem à data.

A Seind foi criada por meio da Lei nº 3.403, de 7 de julho de 2009 e começou a funcionar no dia 8 de setembro do mesmo ano. O orçamento atual da secretaria, que tem 38 servidores (metade dos quais, indígena), é de R$ 5,7 milhões. Apesar do apoio dos parceiros, o órgão precisa de mais recursos para executar, de forma mais ampla, a sua missão, que é formular e promover políticas públicas, por meio de ações integradas que garantam a autonomia, o etnodesenvolvimento e a sustentabilidade dos povos indígenas do Amazonas.

“Precisamos do apoio da Assembleia para atender cento e oitenta e seis mil indígenas, que vivem em cento e setenta e oito terras e representam trinta por cento de território do Estado”, justificou Bonifácio José.
Sede da Seind, localizada no Centro de Manaus

Braço direito
Para o titular da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Maximiliano Tukano, a Seind funciona como braço direito dos povos indígenas no Amazonas e, portanto, precisa de mais recursos para fazer o trabalho que lhe é destinado com maior abrangência.

“Até onde eu sei, a secretaria não consegue atender como deveria, por conta do recurso que é muito baixo, e representa apenas zero vírgula quatro por cento de todo o orçamento. É muito baixo para a grande demanda”, ressaltou Maximiliano.

Na opinião dos diretores regionais da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Renato Matos Tukano e Isaías Fontes Baniwa, o fortalecimento da Seind significa apoio a projetos e  outras atividades nas comunidades indígenas, que são  executados em parceria com as próprias associações.

“A gente sabe que para acontecer isso (aumento de recurso) não é tão fácil, precisamos que todos os parlamentares se sensibilizem com a política indigenista do Governo do Estado do Amazonas, que é o estado onde  mais tem índio e precisa estar fortalecido na política indigenista”, disse Renato Tukano.

Políticas públicas
De acordo com o deputado José Ricardo (PT), que é o autor da PEC, a liberação de mais recursos para a Seind tende a garantir políticas públicas voltadas aos direitos dos povos indígenas, sem contar que o patrimônio cultural indígena é grande e precisa ser protegido e valorizado.

Para o coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Paulo Marubo, a medida não somente propiciaria o aumento nas ações da Seind, como também seria um motivo a mais para defender a importância da secretaria diante dos povos indígenas.

“Não queremos perder a oportunidade, pois queremos projetos como esse do BNDES, que vai possibilitar que construamos nossos polos de artesanato no Vale do Javari”, frisou Paulo Marubo.

O presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Parintins (AAPP) e membro da Federação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Coipam), Aldamir Sateré, observa que a reivindicação é antiga, mas o problemas é sempre o mesmo: afalta de boa vontade.

“Nossa luta é sempre pelo coletivo, mas tem sempre um problema que inviabiliza qualquer projeto de cunho específico para a comunidade indígena. A gente não tem tido sucesso em nossas reivindicações junto aos deputados”, lamentou o líder indígena.