Sec. Bonifácio e lideranças indígenas da Foirn, em São Gabriel. Renato Tukano (dir.) e Isaías Baniwa (centro). Fotos: Isaac Júnior (Ascom/Seind) |
Com base na Proposta de Emenda Constitucional (PEC)
que define melhorias nas receitas orçamentárias do governo estadual para o
órgão, esta semana algumas das principais organizações indígenas do Amazonas se
posicionaram a favor do fortalecimento institucional da Secretaria de Estado
para os Povos Indígenas (Seind).
A PEC foi protocolada na terça-feira (dia 3), com o apoio
de oito deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (AFE-AM), e a proposta é
apontar o “porcentual das receitas correntes líquidas da arrecadação a ser
destinado para assistência, valorização, organização e defesa dos povos
indígenas”.
Desde 2012, o secretário da Seind, Bonifácio José
Baniwa, tem ocupado a tribuna da Assembleia para defender melhorias no
orçamento que é destinado ao órgão. A rotina se repetiu em 2014 e acontece
sempre na semana alusiva ao Dia do índio (19 de abril), por ocasião da cessão
de tempo em homenagem à data.
A Seind foi criada por meio da Lei nº 3.403, de 7 de
julho de 2009 e começou a funcionar no dia 8 de setembro do mesmo ano. O
orçamento atual da secretaria, que tem 38 servidores (metade dos quais,
indígena), é de R$ 5,7 milhões. Apesar do apoio dos parceiros, o órgão precisa
de mais recursos para executar, de forma mais ampla, a sua missão, que é
formular e promover políticas públicas, por meio de ações integradas que
garantam a autonomia, o etnodesenvolvimento e a sustentabilidade dos povos
indígenas do Amazonas.
“Precisamos do apoio da Assembleia para atender
cento e oitenta e seis mil indígenas, que vivem em cento e setenta e oito terras
e representam trinta por cento de território do Estado”, justificou Bonifácio
José.
Sede da Seind, localizada no Centro de Manaus |
Braço
direito
Para o titular da Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Maximiliano Tukano, a Seind funciona
como braço direito dos povos indígenas no Amazonas e, portanto, precisa de mais
recursos para fazer o trabalho que lhe é destinado com maior abrangência.
“Até onde eu sei, a secretaria não consegue atender
como deveria, por conta do recurso que é muito baixo, e representa apenas zero
vírgula quatro por cento de todo o orçamento. É muito baixo para a grande demanda”,
ressaltou Maximiliano.
Na opinião dos diretores regionais da Federação das
Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Renato Matos Tukano e Isaías
Fontes Baniwa, o fortalecimento da Seind significa apoio a projetos e outras atividades nas comunidades indígenas, que
são executados em parceria com as
próprias associações.
“A gente sabe que para acontecer isso (aumento de
recurso) não é tão fácil, precisamos que todos os parlamentares se sensibilizem
com a política indigenista do Governo do Estado do Amazonas, que é o estado onde mais tem índio e precisa estar fortalecido na
política indigenista”, disse Renato Tukano.
Políticas
públicas
De acordo com o deputado José Ricardo (PT), que é o
autor da PEC, a liberação de mais recursos para a Seind tende a garantir
políticas públicas voltadas aos direitos dos povos indígenas, sem contar que o patrimônio
cultural indígena é grande e precisa ser protegido e valorizado.
Para o coordenador da União dos Povos Indígenas do
Vale do Javari (Univaja), Paulo Marubo, a medida não somente propiciaria o aumento
nas ações da Seind, como também seria um motivo a mais para defender a
importância da secretaria diante dos povos indígenas.
“Não queremos perder a oportunidade, pois queremos projetos
como esse do BNDES, que vai possibilitar que construamos nossos polos de
artesanato no Vale do Javari”, frisou Paulo Marubo.
O presidente da Associação dos Artistas Plásticos de
Parintins (AAPP) e membro da Federação das Organizações e Povos Indígenas do
Amazonas (Coipam), Aldamir Sateré, observa que a reivindicação é antiga, mas o
problemas é sempre o mesmo: afalta de boa vontade.
“Nossa luta é sempre pelo coletivo, mas tem sempre
um problema que inviabiliza qualquer projeto de cunho específico para a
comunidade indígena. A gente não tem tido sucesso em nossas reivindicações
junto aos deputados”, lamentou o líder indígena.
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