Indígenas Tenharín, no município de Humaitá. Foto: Arquivo/Seind |
Novos projetos de etnodesenvolvimento vão ser executados
no interior do Amazonas e os municípios de Humaitá e Apuí (a 220 quilômetros de
Manaus) estão entre as localidades que deverão ser beneficiadas. A meta é
desenvolver ações principalmente na área da agricultura familiar, que
proporcionem resultados positivos na geração de renda a indígenas que habitam essas
localidades e nas regiões de Borba, Nova Olinda e Manicoré (a 333 quilômetros
de Manaus).
Dezenove terras indígenas regularizadas e que foram beneficiadas
pelo projeto Território da Cidadania Indígena do Madeira, até o ano passado,
estarão na área de abrangência dos novos projetos. O objetivo é beneficiar
aproximadamente 1,8 mil famílias (oito mil pessoas).
Duas chamadas públicas para a contratação de
empresas prestadoras dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER),
com formato e investimento no âmbito do projeto Brasil sem Miséria, do Governo
Federal, já começaram a ser discutidas com as comunidades indígenas e deverão
ser realizadas.
A Secretaria de Estado para os Povos Indígenas
(Seind) é uma das parceiras da Fundação Nacional do Índio (Funai) na ação, que
começou no dia 29 de maio em Borba e continuou na quarta-feira (dia 4 de junho)
em Manicoré (a 333 quilômetros de Manaus). A última reunião está prevista para
o próximo sábado (dia 7) em Humaitá.
Antes de viajar para Manicoré, o coordenador de
Projetos Demonstrativos da Coordenação Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento
da Funai, Wagner Pereira Sena, reuniu-se com o secretário da Seind, Bonifácio
José Baniwa, para falar dos novos projetos.
“No primeiro momento, o objetivo é garantir a
segurança alimentar das famílias e, no segundo, trabalhar a geração de renda,
com a comercialização do excedente da produção”, justificou Wagner Sena.
Wagner Sena, da Funai (de barba e óculos), em reunião com o secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa (de branco). Foto: Isaac Júnior (Ascom/Seind) |
Além da Seind, os outros órgãos que apoiam a Funai
na reunião com os indígenas são o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
o Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) e a Secretaria Geral da Presidência
da República.
Desdobramento
As chamadas públicas serão realizadas para que o
processo de construção e operacionalização dos projetos e ações que deverão ser
desenvolvidos nas terras indígenas indicadas sejam executados. A série de conversas
com os indígenas, que foi programada para o interior do Estado, representa o desdobramento
da reunião de janeiro deste ano, quando vários parceiros da Funai, inclusive a
Seind, estiveram em Humaitá, para construir soluções que superassem o impasse
registrado no município, desde o ano passado, envolvendo indígenas tenharín e
Jihaui.
O grupo de trabalho foi formado por representantes
dos governos federal, estadual e municipal, além dos comandantes das forças de
segurança que atuam na área.
A situação de conflito no sul do Amazonas foi
agravada após a morte do cacique Ivan Tenharín, no início de dezembro de 2013,
e o consequente desaparecimento de três homens na BR-230 (Rodovia
Transamazônica). Apesar de negarem envolvimento no caso, seis indígenas foram
denunciados pelo Ministério Público Federal, na Justiça Federal por triplo
homicídio duplamente qualificado, e continuam presos.
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