O Amazonas está dando um passo revolucionário no combate ao câncer de
colo de útero. Neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o governador Omar
Aziz lançou o Programa de Vacinação contra o Papiloma Vírus Humano (HPV), o
maior causador de câncer de colo de útero em mulheres. Com isso, o Amazonas
torna-se o primeiro Estado da federação a oferecer gratuitamente a vacina, hoje
disponível somente em clínicas particulares.
Em evento, realizado pela manhã, no auditório da sede do Governo, que
contou com a participação do prefeito Artur Virgílio Neto, foi assinado o
Projeto de Lei, que será encaminhado à Assembléia Legislativa do Amazonas
(ALE-AM), criando o programa e tornando permanente a vacinação de meninas de 11
a 13 anos nas escolas publicas e privadas da capital e do interior. A
Prefeitura, que já tem um Projeto de Lei aprovado na Câmara Municipal desde o
ano passado, será parceira do Governo na ação.
“É um marco divisor em relação à prevenção do câncer. Como se trata de
um câncer que pode ser prevenido, tenho certeza que com a vacina vamos
erradicar essa doença no Estado”, destacou o governador. Segundo ele, a
vacinação será permanente e o mais importante é que vai poder chegar a todos os
municípios, uma vez que será aplicada nas escolas das redes estadual, municipal
e particular.
O principal objetivo do programa é prevenir o câncer de colo de útero, o
tipo mais frequente entre a população feminina do Estado e também da região
Norte, enquanto em outras regiões predomina o de mama. O Amazonas é o primeiro
Estado do País em prevalência da doença. OHuman Papiloma Virus (HPV)
ou Papiloma Vírus Humano, em português, está presente em 90% dos casos de
câncer de útero registrados no Estado.
A campanha de vacinação, de acordo com o governador Omar Aziz, inicia
num prazo de 60 dias. O público alvo são meninas de 11, 12 e 13 anos
matriculadas nas escolas da rede pública estadual e municipal de ensino e
também da rede particular. Levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde
(Susam) aponta que 90.040 estudantes do sexo feminino estão nesta faixa etária
no Estado, sendo 56.132 na capital e 33.908 no interior. Para o lançamento do
programa, deverão ser adquiridas 270,1 mil doses da vacina, considerando que o
esquema de imunização prevê três doses.
A estimativa de gastos com a aquisição dessa quantidade de vacinas é de
R$ 12.195.000, além dos custos operacionais. Na capital, onde está o maior
número de meninas na faixa etária alcançada pela vacina, o programa será
executado em parceria com a Prefeitura de Manaus, que vai adquirir as 67.971
doses correspondentes à vacinação de 22.657 alunas da rede municipal de ensino.
Para o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, a vacinação contra
o HPV fortalece as ações destinadas a reduzir a incidência do câncer do colo do
útero no Estado e as taxas de mortalidade associadas à doença. De acordo com
ele, no País, há disponíveis duas vacinas contra HPV aprovadas e registradas
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A vacina a ser
disponibilizado no Estado será a que previne contra o tipo de vírus que provoca
o câncer de colo de útero. “A maior indicação da vacina é para meninas que
ainda não iniciaram a vida sexual e que, portanto, ainda não foram expostas ao
vírus”, destaca o secretário.
Para a ginecologista Mônica Bandeira de Melo, que é médica da Fundação
Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), o Governo do
Amazona faz história com a decisão de disponibilizar a vacina que previne o
câncer de colo de útero. “O governador Omar Aziz não foi somente sensível ao
nosso apelo. Sua atitude foi corajosa e determinante, pois se trata de uma
vacina cara que será fornecida gratuitamente. Isso é um marco e daqui há dez ou
quinze anos vamos ver os resultados”, disse a médica.
Estatísticas – O Amazonas é o primeiro
Estado no ranking brasileiro em número de casos de câncer de colo de útero. A
afirmação é baseada nos dados mais recentes divulgados pelo Instituto Nacional
do Câncer (Inca – Estimativa 2012). De acordo com o órgão ligado ao Ministério
da Saúde, enquanto no País a taxa bruta de incidência para cada 100 mil
habitantes é de 17,49 casos, no Amazonas este número sobre para 35,15, ou seja,
mais que o dobro. Quando se trata da capital, Manaus, o número é ainda maior:
52,03 casos para cada 100 mil mulheres. O dado considera estimativa do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para população feminina no
Amazonas no ano de 2012, que totaliza 1.755.938 pessoas.
Ainda segundo a última estimativa lançada pelo Inca, considerando a
realidade de cada Estado, cerca de 600 novos casos de câncer de colo de útero
foram registrados no Amazonas apenas no ano passado. Somente na FCecon, unidade
de referência no tratamento do câncer em toda a Amazônia Ocidental, foram
diagnosticados, no mesmo período, 226 casos da doença.
Mortalidade - Em 2010, o Amazonas registrou
432 mortes por câncer de colo uterino. Em 2011, o número pulou para 448 e, em
2012, houve uma redução para 249 (211 registradas apenas na FCecon), conforme
dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).
HPV - Entre 2010 e 2012, em todo o
Amazonas, 2.954 mulheres tiveram o HPV detectado durante o exame preventivo na
Rede Pública de Saúde, conforme dados do Siscolo (Sistema de Informação do
Câncer de Colo de Útero) do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DataSus),
sendo 628 em 2010, 988 em 2011 e 1.338 em 2012. Elas foram divididas em lesões de
baixo, médio e alto grau – esta última categoria é onde está inserido o câncer
de colo de útero.
O ginecologista e mastologista da Fundação Cecon, Gerson Mourão, explica
que o vírus HPV é responsável por quase 100% dos casos de câncer de colo
uterino no mundo. Contudo, ele também pode ocasionar os cânceres de pênis,
faringe e reto (colorretal). Mourão ressalta que a vacina contra o HPV é de
extrema importância para a prevenção do câncer de colo uterino, uma vez que ela
é 100% eficaz quando se trata de jovens com idade entre 13 e 20 anos. Mulheres
que não tiveram contato sexual têm maior efetividade de resultado.
Conforme informações do Departamento de Prevenção e Controle do Câncer
da FCecon (DPCC), a maioria dos casos de HPV registrados no Amazonas nos
últimos três anos foi diagnosticada em mulheres com idade entre 25 e 64 anos
(2.005 casos, o equivalente a 67,87%). Contudo, chama a atenção o número de
mulheres jovens que tiveram o vírus detectado: 903, o equivalente a 30,57%.
Mulheres com idade acima de 64 anos fazem parte de uma parcela pequena da
estatística, com apenas 42 casos, os quais correspondem a 1,56%.
Secretaria Executiva da Mulher – Presente no evento, a secretária de Governo, Rebecca Garcia, ressaltou que, além da vacinação contra o HPV, o governador Omar Aziz está criando a Secretaria Executiva de Políticas Públicas para as Mulheres. O novo órgão, que estará ligado administrativamente à Segov, vai reunir todas as políticas públicas e serviços voltados para a população feminina.
Segundo Rebecca, o órgão vai canalizar os recursos disponíveis na
Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, que são específicos para
esta área. “A secretaria nacional, que tem status de ministério, tem recursos
que só podem ser repassados para um órgão do governo com esta finalidade e o
Amazonas perdia recursos federais na área de política para mulher por ainda não
ter esse órgão”, justificou Rebecca.
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