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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mulheres indígenas criam associação em Tapauá com apoio do Governo do Amazonas



Aprovação do Estatuto da nova entidade, na assembleia realizada em Tapauá. Fotos: Depi/Seind

Após uma mobilização que durou quase dois anos, aproximadamente 60 mulheres indígenas dos povos Deni, Paumari, Apurinã e Katukina criaram, na região do médio rio Purus, a Associação das Mulheres Indígenas do Município de Tapauá (Amimt). A entidade é resultado de uma luta direcionada ao fortalecimento, conquista de espaço e participação nas discussões do movimento indígena naquela região do Estado do Amazonas. 

Falada na língua nativa, como forma de fortalecer a própria identidade, a assembleia que criou a Amimt foi realizada nos dias 1º e 2 deste mês, no salão principal da paróquia Santa Rita de Cássia, com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), e de outros parceiros como a Federação das Organizações Indígenas do Médio Purus (Focimp), Operação Amazônia Nativa (Opan) e Arquidiocese de Tapauá (a 450 quilômetros de Manaus).
Mulher Deni, uma das participantes do evento, que teve até apresentação na língua nativa com direito à tradução para o português
Evento era delas, mas a tradução foi realizada por homens, tudo de forma compartilhada
 
A atividade faz parte das linhas de ação da câmara técnica “Melhoria da Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas”, do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai). 

“Entre as principais reivindicações colocadas pelas indígenas durante a assembleia estão as relacionadas aos direitos dos povos indígenas, à qualificação profissional e o trabalho com o artesanato”, destacou a chefe do Departamento de Promoção dos Direitos Indígenas (Depi), da Seind, Rose Meire Barbosa. Além de acompanhar e assessorar todas as discussões, a secretaria apoiou o evento financeiramente.
Apresentação da  Seind, com a chefe do Depi, Rose Meire Barbosa
Rose Meire assessorou as participantes na discussão

Fortalecimento
A criação da Amimt em Tapauá também é fruto de outras experiências que deram certo no âmbito feminino do movimento indígena. É o caso da Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn) e do Departamento de Mulheres Indígenas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).   
Trabalhos em grupo reuniu homens e mulheres, que trabalham pelo sucesso da Amimt

Eleita como primeira coordenadora da Amimt, Leonita Francisca da Silva, do povo Paumari, informa que a organização irá trabalhar com projetos que tratem das questões tradicionais e econômicas. “Teremos nossa primeira reunião no próximo dia 10 (sexta-feira), para elaborarmos o documento que iremos enviar à Seind e a outras instituições, que podem nos ajudar na elaboração dos projetos”, informou Leonita. “Vamos visitar as vinte e seis aldeias para divulgar a Amimt e ouvir sugestões das comunidades”, acrescentou a vice-coordenadora, Lídia Aiden Pereira, do povo Kokama.
Apresentação do que foi discutido

Luta diária    
Casada e mãe de quatro filhos, Leonita Paumari, de 29 anos, nasceu na aldeia Terra Nova (a 12 horas de voadeira de Tapauá) e revela que mantém uma luta diária em prol dos povos indígenas há anos. De acordo com a indígena, a Amimt representa uma conquista e, sobretudo, a voz das mulheres indígenas em Tapauá. “A gente vem lutando há muito tempo e sempre éramos incentivadas por pessoas de dentro da própria Casai (Casa de Saúde Indígena) a criar uma organização que nos representasse de forma legítima”, informou Leonita. “Esse é o nosso momento”, finalizou.      

A coordenação da Amimt é formada ainda pela secretária Elaíne Vieira (kokama), a 2ª secretária, Suzane Trajano de Souza (apurinã), a tesoureira, Josilane Pereira de Queiroz (não indígena, mas esposa de indígena) e a 2ª tesoureira, Marinalva Maciel Saraiva (apurinã). 
Vereadores do municipio de Tapauá e representantes da Funai também estiveram na assembleia
     

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