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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Coiab sob nova direção no quadriênio 2013-2016



Secretário da Seind, Bonifácio José (à esquerda), com o novo coordenador da Coiab, Maximiliano Tukano (à direita). Os outros membros da nova diretoria da entidade são (da esquerda para a direita): Francinara Baré, João Neves Galibi e Lourenço Krikati. Fotos: Bonifácio José - Divulgação/Seind

Liderada pelo indígena tukano Maximiliano Tukano, do rio Negro, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) tem nova diretoria para os próximos quatro anos. A eleição foi realizada durante a 10ª Assembleia Geral Ordinária e Eletiva da entidade, realizada entre os dias 26 e 30 de agosto, na terra indígena Umutina, no município de Barra do Bugres (MT).

O evento teve o apoio do Governo do Amazonas, que foi representado pelo titular da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e membro do Conselho Diretor do Fundo Indígena para a América Latina e Caribe, Bonifácio José Baniwa.      

Maximiliano é ex-diretor da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e assume o lugar de Marcos Apurinã. A nova diretoria é formada ainda por Lourenço Krikati (vice-coordenador), do Maranhão; João Neves Galibi (secretário), do Amapá; e Francinara Baré (tesoureira), também da região do rio Negro.

Aproximadamente 300 indígenas – dos nove estados da Amazônia legal que integram a entidade – participaram da assembleia da Coiab, que foi realizada pela primeira vez no Mato Grosso e também teve a participação a presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati; de membros da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica); do vice-governador de Mato Grosso, Chico Daltro; do prefeito e vice de Barra do Bugres e de representantes do Ministério Público Federal daquele Estado.
Alguns dos principais momentos da assembleia, que contou com pessoas ilustres como a cantora Djuena Tikuna

Além da eleição, os participantes promoveram um ciclo de debates acerca de assuntos relevantes para o movimento indígena, entre os quais a reestruturação da própria Coiab, direitos indígenas, saúde, demarcação de terras, sustentabilidade econômica e outros.

“O discurso das lideranças teve a preocupação de enfatizar as ameaças que nossos povos vêm sofrendo em relação aos direitos conquistados, tanto na Câmara Federal, quanto no Senado”, informou Bonifácio José. “A reunião mostrou o fortalecimento do movimento indígena na Amazônia e em nível nacional e internacional, para cobrar respeito aos direitos garantidos na Constituição de 1988”, concluiu o secretário da Seind.
Aldeia de Umutina, no Mato Grosso, recebeu indígenas de nove estados da Amazônia

Ao final das discussões, os indígenas apresentaram a Carta Aberta da 10ª Assembleia Geral Ordinária da Coiab (ver abaixo).
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Carta Aberta da X Assembleia Geral Ordinária da COIAB

Nós, representantes dos povos indígenas da Amazônia Brasileira, Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Tocantins e Pará, reunidos entre mais de cento e vinte lideranças na aldeia Umutina, município Barra do Bugres/MT, aqui, na última fronteira da Amazônia região castigada, porém resistente à fúria do agronegócio.

No território Umutina, nos reunimos entre os dias 26 a 29 de agosto de 2013, falamos diversas línguas, mas com um só sentimento. É necessário o embate às tentativas de extermínio que sofremos. Há 513 anos sobrevivemos acreditando em nossas verdades, que não há nada mais sagrado que a terra em que vivemos e fazemos viver.

Andamos na contramão do “progresso do capital”, que defende a destruição dos nossos territórios, que nos submete a leis anti-indígenas, como a PEC 215 e tantos outros projetos de morte, embalados pelo rolo compressor da política brasileira. É preciso continuar lutando. Os guerreiros e guerreiras da Amazônia são fortes e jamais desistirão. Quem nos representa, se não somos nós mesmos?

Diante do cenário extremamente critico e doloroso em que os nossos direitos são violados e desrespeitados pelo estado brasileiro, direitos estes conquistados e garantidos na Constituição Federal de 1988, após muita luta e resistência de nós povos indígenas do Brasil.

Neste encontro, nos reunimos para discutir e manifestar nossa indignação diante desse cenário totalmente anti-indígena, em que o Estado se omite, assim como para nos fortalecer em defesa de nossa vida, de nossos filhos e das futuras gerações.

O nosso grito de protesto é contra o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil que estimula as desigualdades. Nunca se viu na história recente do país, tanta revolta das massas. Vivemos um momento que o país parece ter acordado de um coma profundo, a multidão nas ruas protesta, levando o grito e o clamor dos que lutam por justiça.

Somos a voz que não se cala. Somos os guardiões da floresta, a natureza viva até o último índio, somos a revoada de pássaros multicoloridos e de longe se houve o grito de resistência.

Fortalecer a luta para garantir os direitos indígenas. Viva a Amazônia Indígena.

Barra do Bugres (MT), Aldeia Umutina, 29 de agosto de 2013.


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