Representantes
do Governo do Amazonas, do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e da Cooperação
Alemã GIZ estarão reunidos nos próximos dias 16 e 17 (segunda e terça-feira) em
Brasília, para discutir a criação, implementação e governança de fundos de
apoio a projetos indígenas. A oficina terá a presença do titular da Secretaria
de Estado para os Povos Indígenas (Seind), Bonifácio José Baniwa, que irá
enfatizar a importância de uma maior participação do governo brasileiro no
Fundo Indígena para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e
do Caribe (o Fundo Indígena).
A
atividade na capital federal faz parte de uma ação conjunta com o movimento
indígena amazônico, que começou em outubro de 2012 em Manaus e visa conhecer
algumas experiências de fundos e programas, com vistas à construção de um
mecanismo financeiro para apoio a projetos indígenas na Amazônia Brasileira.
Com
sede na Bolívia, o Fundo Indígena foi criado em 1992, durante a celebração da
Segunda Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, em Madrid, na Espanha e é a
única agência multilateral de cooperação internacional especializada em
auto-promoção e reconhecimento dos direitos dos povos endígenas.
Apesar
de procurar estabelecer mecanismos de diálogo e consenso nos processos de
auto-desenvolvimento de povos, comunidades e organizações indígenas, o Fundo
tem enfrentado problemas. O principal deles envolve países como o Brasil que,
até agora, não cumpriu com o compromisso de depositar USD 5 milhões no Fundo.
“Vamos
tentar conversar, articular com o nosso governo, pois o benefício não é somente
para o Amazonas, mas em nível nacional”, destacou Bonifácio José, que é membro
do conselho diretor do Fundo.
Detalhes da reunião e da cidade do Panamá, localizada no país de mesmo nome. Fotos: Bonifácio José - Divulgação/Seind |
Avaliação
Nos
dias 9 e 10 deste mês, líderes indígenas e representantes de governos – entre
os quais, o próprio secretário da Seind – discutiram os avanços e avaliaram as
dificuldades enfrentadas pelo Fundo Indígena, nos sete primeiros meses deste
ano. A 46ª reunião do conselho diretor foi realizada no Panamá e abordou temas
importantes relacionados aos direitos e estratégias políticas desenvolvidas,
que são com a participação dos 22 países-membro, em benefício dos povos
indígenas.
Um
dos principais encaminhamentos definidos na reunião está o apoio a programas e
projetos do Fundo Indígena, com destaque para a educação e formação, que visam
reforçar as competências e o desenvolvimento profissional dos povos indígenas,
para que participem ativamente no desenvolvimento de gerenciamento de
identidades local, regional e nacional.
Por
meio de instituições como a Universidade Intercultural Indígena (UII), que
trabalha como um sistema de educação superior para a América Latina e Caribe, e
a Intercultural Escola de Governo e Políticas Públicas (EIGPP), o Fundo tem
possibilitado que indígenas façam especialização em Medicina e Direito em Cuba,
por exemplo.
“Temos
vários estudantes em cursos de mestrado por lá, inclusive, daqui do Amazonas,
de Roraima e Mato Grosso”, informou o secretário da Seind que, antes de seguir
para o Panamá, já havia representado o Fundo Indígena e o próprio Governo do
Amazonas, na 10ª Assembleia Geral Ordinária e Eletiva da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). O evento ocorreu no
período de 26 a 30 de agosto, na terra indígena Umutina, no município de Barra
do Bugres (MT).
A
UII foi criada em junho de 2005 com dez universidades associadas e o objetivo
de contribuir para a formação de profissionais indígenas qualificados e
lideranças, para assumir, a partir de uma perspectiva intercultural, tarefas
conjuntas, participação e tomada de decisões que afetam a organização política,
econômica e social de sua sociedade.
Hoje
são 30 universidades, do continente latino-americano e Europa, que assinam
acordos de cooperação para realizar diferentes programas de treinamento,
distribuição de bolsas de estudo, estágios e outros.
Troca de experiências
Simultaneamente
aos cursos de educação e formação, o Fundo Indígena também trabalha com
programas de Desenvolvimento de Identidade, Coordenação, Informações e
Comunicação, Direitos dos Povos Indígenas e Mulheres Indígenas.
De
acordo com Bonifácio José, outro ponto positivo é que o Fundo proporciona
experiências construtivas para os povos indígenas. Eventos como esse que foi
realizado no Panamá representam o resultado de diálogo e respeito, além de
possibilitar a conquista de espaço e respeito perante a sociedade.
“É
um processo que se resume em levar e trazer experiências construtivas para os
povos indígenas, tanto é que hoje temos 23 vereadores, prefeito, ministro e até
presidente participando do processo”, disse. “Podemos ratificar a aplicação da
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata dos
direitos indígenas, em alguns países que ainda não trabalham com a questão”,
observou Bonifácio José.
Mais debate
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