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domingo, 22 de maio de 2011

Indígenas fecham negócio com empresários espanhóis

Jucimeire Wanano (à direita) negocia produtos indígenas com espanhóis. Fotos: Rafael Costódio


Por: Isaac Júnior 
Doze mil peças negociadas e um total de R$ 150 mil para receber até o fim deste ano. Este foi o resultado da participação de três organizações indígenas no Encontro de Negócios do El Corte Inglês, encerrado na sexta-feira, 20, na Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi). Produtos como cestarias e colares com sementes foram diretamente negociados com um grupo de oito empresários espanhóis, proprietários de 80 lojas na Espanha e em Portugal.

Esta é a primeira vez que a rodada de negócios foi realizada no Amazonas. Este ano começou em Belo Horizonte, Brasília e teve Manaus como última parada. Os produtos dos indígenas foram expostos com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), e adquiridos por encomenda pelos compradores com previsão de entrega para novembro e dezembro deste ano.

O próximo passo é correr contra o tempo para confeccionar a quantidade dos produtos acertada para envio à Europa. “Uma empresa paulista contratada pelo grupo e com filial em Manaus é que ficará responsável pela coleta dos produtos”, explicou o gerente da Coordenação de Promoção Cultural, Esporte e Lazer da Seind, Rafael Costódio, que também participou da exposição com produtos da Associação das Artesãs Indígenas Tikuna de Campo Alegre (AITCA), de São Paulo de Olivença.  

Délia Veloso trabalha há oito anos com artesanato indígena. Coordenadora da União das Mulheres Artesãs Indígenas (Umai), ela foi uma das indígenas a expor no encontro. Durante todo o dia emplacou a venda 1,5 mil peças de anel, e duas mil de brinco e porta-jóias, com valores unitários de 13, 12 e 5 reais, cada, respectivamente. Todo o material vem de Santa Isabel do Rio Negro, da aldeia Campina do Rio Preto. “Vinte e duas famílias do povo Baré estão sendo beneficiadas com a participação da Umai neste evento”, destacou a indígena, que foi convidada a expor na Espanha. “Ficaram de me enviar um e-mail com o convite formalizado”, disse.

Quem quiser conhecer os produtos da Umai, eles estão à disposição na feirinha da avenida Eduardo Ribeiro, setor azul, todos os domingos. “O importante desse encontro é que temos trabalho para o ano todo”, comemorou Délia.

Visita a Amarn
Outra organização que fez bons negócios no encontro com os europeus foi a Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn), com sede em Manaus. Para a presidente Jucimeire Trindade Wanana, o trabalho produzido na própria sede pelas indígenas teve o mérito reconhecido mais uma vez. São bolsas e colares produzidos com fibra de tucum, um material bem resistente para o tipo de peça.

A “conquista” dos espanhóis começou no dia anterior, quando eles tiveram a oportunidade de conhecer, pessoalmente, as 56 mulheres guerreiras que trabalham no local onde hoje funciona a associação, no conjunto Vilar Câmara, Aleixo, Zona Leste de Manaus.

Jucimeire lembra que os produtos foram comercializados a preço de atacado em grande quantidade. Ela mostrou-se ansiosa em começar  logo a fazer o material escolhido pelos compradores. “Vamos produzir durante quatro meses para entregarmos a primeira remessa em outubro”, disse. “Agora é hora de buscar apoio para a questão de logística para trazer a matéria-prima do Alto Rio Negro para cá”, acrescentou.  

Também apoiaram os negócios do encontro realizado pela organização Native Original Products (com apoio da Seind), o Sebrae, o Sistema Fieam, a Amazonastur e o Sindicato  da Organização das Cooperativas do Estado do Amazonas (OCB/AM), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP/AM). 


Espanhóis em visita a Amarn, na quinta-feira, dia 19 de maio


Rafael Costodio Tikuna e Adail Munduruku (à direita), que recebeu cheque por venda de colar mura



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