Um grande encontro que acontecerá na cidade de Santa Isabel do Rio Negro, no estado do Amazonas, vai reunir técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a comunidade local para a entrega do certificado de registro no Patrimônio Imaterial brasileiro do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. O evento será no dia 14 de junho, às 19h30, na Quadra Municipal. Nos dias 15 e 16 o encontro continua com discussões, plenárias e grupos de trabalho para elaborar o Plano de Salvaguarda do novo patrimônio cultural.
O Sistema de Agricultura Tradicional do Rio Negro recebeu o título de Patrimônio Cultural Brasileiro no dia 5 de novembro de 2010, durante reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural que reconheceu o caráter único no Brasil do complexo formado pelas práticas e saberes, as bases do manejo dos espaços e da diversidade das mandiocas e manivas, além de plantas cultivadas pelos povos indígenas do Rio Negro. O processo agora protegido pelo Iphan envolve ainda objetos utilizados na transformação dos produtos agrícolas, os sistemas alimentares e outras manifestações culturais.
A proposta de registro do Sistema de Agricultura Tradicional do Rio Negro como Patrimônio Cultural Brasileiro foi apresentada ao Iphan pela Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro - ACIMRN, pela Associação Indígena de Barcelos - ASIBA e pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, Institut de Recherche pour le Développment - IRD (França), o Instituto Socioambiental - ISA. Técnicos do Departamento de Patrimônio Imaterial – DPI/Iphan concluíram que este sistema agrícola é capaz de determinar a organização social de etnias e permite, inclusive, um mapeamento das línguas e costumes. Em linhas gerais, o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro representa um povo indígena que considera as mandiocas como seres com atributos semelhantes aos humanos como sentimentos, hierarquia, sociabilidade, coletividade e individualidade. A mandioca possui também a capacidade de se comunicar entre si e com as mulheres, que são as donas das roças.
Os povos indígenas e a cultura agrícola do Rio NegroO Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro é entendido como um conjunto formado por elementos interdependentes, como as plantas cultivadas, os espaços, as redes sociais, a cultura material, os sistemas alimentares, os saberes, as normas e os direitos. O cultivo da mandioca brava (manihot esculenta) é a base desse sistema que reúne os mais de 22 povos indígenas que vivem ao longo do Rio Negro, em um território que abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, até a fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. Nesta cultura, o homem prepara a roça e a mulher trabalha na colheita. Eles organizam um conjunto de saberes e modos de fazer enraizados no cotidiano dos povos indígenas da região noroeste do Amazonas.
Este bem cultural apresenta contexto multiétnico e multilingüístico, ou seja, os grupos indígenas compartilham formas de transmissão e circulação de saberes, práticas, serviços ambientais e produtos, de forma constante entre as etnias que o vivenciam.
Entre as ações de salvaguarda para preservar os valores culturais e simbólicos associados ao sistema agrícola, como os mitos e as práticas de benzimento, por exemplo, está a mobilização de pesquisadores indígenas, urbanos e das comunidades para a pesquisa sobre o futuro do sistema agrícola regional. Desta forma será possível criar mecanismos de transmissão dos conhecimentos tradicionais. A medida possibilita também o aumento do número de comunidades a serem estudadas por pesquisadores indígenas, fortalecendo ainda mais o processo agrícola, alimentar e social.
Mais informaçõesAssessoria de Comunicação Iphan
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
(61) 2024-6187 / 2024-6194
www.iphan.gov.br / www.twitter.com/IphanGovBr
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