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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Povo Baniwa do rio Negro cria conselho de gestão de patrimônio cultural com apoio da Seind



Assembleia reúne indígenas do rio Negro, na comunidade Tunui Cachoeira, em São Gabriel da Cachoeira. Fotos: Divulgação/CABC


A valorização dos conhecimentos tradicionais e a conservação da biodiversidade deverão ficar mais fortalecidas, na região do rio Negro, com a criação do Conselho Baniwa e Coripaco de Gestão de Patrimônio Cultural. Também conhecido pelo nome de Kaaly, o conselho foi legitimado por aproximadamente 130 lideranças indígenas, durante a 5ª Assembleia do Povo Baniwa e Coripaco, que foi realizada este mês em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), com o apoio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), por meio do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Um dos objetivos da nova instância é definir uma política de conservação e desenvolvimento do conhecimento milenar do sistema agrícola desenvolvido pelo povo em questão, propiciando a repartição de benefícios e critérios de boas maneiras de relacionamento com pesquisadores indígenas e não indígenas.
O conselho será formado por 45 membros, entre produtoras de roça, conhecedores da tradição, agentes de saúde, pesquisadores, professores e lideranças indígenas.

Com o tema “Valorizando conhecimentos tradicionais e Conservação de Biodiversidade no Território Tradicional Baniwa e Coripaco”, a assembleia da Coordenadoria de Associações Baniwa e Coripaco (CABC) reuniu, entre os dias 20 e 23 na comunidade Tunui Cachoeira, integrantes da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Associação das Comunidades Indígenas do Médio Negro (ACIMRN) e da Funai, além de professores, estudantes, produtores, artesãos e ‘capitães’ das comunidades.

A discussão ficou centrada em assuntos importantes, como o sistema agrícola tradicional do rio Negro, saúde e educação baniwa na escola.
Lideranças na assembleia participaram das discussões

O debate também reuniu lideranças de organizações como a Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), Associação das Comunidades Indígenas do Rio Aiari (Acira), Organização Indígena Coripaco do Alto Içana (OICAI) e União das Nações Indígenas Baniwa (Unibi).
Participantes da comunidade na assembleia

Primeira reunião
A composição e, consequentemente, a primeira reunião do novo conselho está prevista para ocorrer em novembro, após a assembleia da Foirn. Até lá, a comissão que foi criada para implantar o conselho até 2015, deverá apresentar uma proposta de regimento interno de funcionamento, além de subsidiar representantes indicados para o conselho regional.

O que é Kaali
De acordo com o presidente da Oibi, André Baniwa, o nome do novo conselho está relacionado a um ser mitológico, dono da raça e criador da mandioca, que é o produto originário da palavra ikaaketti, que em baniwa significa vida viva.

“Por isso os baniwa e coripaco cuidam tanto da sua roça, da sua mandioca, não podem maltratá-la nem descuidar dela, porque Kaali vive ali todos os dias, segundo a nossa tradição”, resumiu André Baniwa.

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