Assembleia reúne indígenas do rio Negro, na comunidade Tunui Cachoeira, em São Gabriel da Cachoeira. Fotos: Divulgação/CABC |
A valorização dos conhecimentos tradicionais e a
conservação da biodiversidade deverão ficar mais fortalecidas, na região do rio
Negro, com a criação do Conselho Baniwa e Coripaco de Gestão de Patrimônio
Cultural. Também conhecido pelo nome de Kaaly, o conselho foi legitimado por
aproximadamente 130 lideranças indígenas, durante a 5ª Assembleia do Povo
Baniwa e Coripaco, que foi realizada este mês em São Gabriel da Cachoeira (a
858 quilômetros de Manaus), com o apoio da Secretaria de Estado para os Povos
Indígenas (Seind), por meio do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o
Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Um dos objetivos da nova instância é definir uma
política de conservação e desenvolvimento do conhecimento milenar do sistema
agrícola desenvolvido pelo povo em questão, propiciando a repartição de
benefícios e critérios de boas maneiras de relacionamento com pesquisadores
indígenas e não indígenas.
O conselho será formado por 45 membros, entre
produtoras de roça, conhecedores da tradição, agentes de saúde, pesquisadores,
professores e lideranças indígenas.
Com o tema “Valorizando conhecimentos tradicionais e
Conservação de Biodiversidade no Território Tradicional Baniwa e Coripaco”, a
assembleia da Coordenadoria de Associações Baniwa e Coripaco (CABC) reuniu, entre
os dias 20 e 23 na comunidade Tunui Cachoeira, integrantes da Federação das
Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Associação das Comunidades
Indígenas do Médio Negro (ACIMRN) e da Funai, além de professores, estudantes,
produtores, artesãos e ‘capitães’ das comunidades.
A discussão ficou centrada em assuntos importantes,
como o sistema agrícola tradicional do rio Negro, saúde e educação baniwa na
escola.
Lideranças na assembleia participaram das discussões |
O debate também reuniu lideranças de organizações
como a Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), Associação das
Comunidades Indígenas do Rio Aiari (Acira), Organização Indígena Coripaco do
Alto Içana (OICAI) e União das Nações Indígenas Baniwa (Unibi).
Participantes da comunidade na assembleia |
Primeira
reunião
A composição e, consequentemente, a primeira reunião
do novo conselho está prevista para ocorrer em novembro, após a assembleia da
Foirn. Até lá, a comissão que foi criada para implantar o conselho até 2015, deverá
apresentar uma proposta de regimento interno de funcionamento, além de subsidiar
representantes indicados para o conselho regional.
O
que é Kaali
De acordo com o presidente da Oibi, André Baniwa, o
nome do novo conselho está relacionado a um ser mitológico, dono da raça e
criador da mandioca, que é o produto originário da palavra ikaaketti, que em
baniwa significa vida viva.
“Por isso os baniwa e coripaco cuidam tanto da sua
roça, da sua mandioca, não podem maltratá-la nem descuidar dela, porque Kaali
vive ali todos os dias, segundo a nossa tradição”, resumiu André Baniwa.
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