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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

UEA forma professores indígenas e de populações tradicionais da Amazônia


Cerimônia de formatura na UEA, que formou 632 indígenas. Fotos: Roberto Carlos (Divulgação/Agecom)

O Governo do Estado, por meio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), realizou na noite desta quinta-feira, 28 de agosto, a cerimônia de outorga de grau de 1.870 acadêmicos da primeira turma do Curso Superior de Pedagogia Intercultural, do Programa de Formação de Professores Indígenas (Proind), da UEA. A cerimônia foi realizada na reitoria da universidade e transmitida por meio do Sistema Presencial de Ensino Mediado por Tecnologia (IPTV) para 51 municípios do interior do Estado e Manaus.

O curso, iniciado em 2009, teve uma carga horária total de 3.310 horas e foi oferecido de forma especial, no período de recesso acadêmico dos cursos regulares. As aulas foram realizadas nas unidades da UEA nos municípios do interior do Estado e também da capital. O objetivo da licenciatura é formar professores para o exercício da docência na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, nas diferentes modalidades de ensino e no acompanhamento do trabalho pedagógico por meio de uma perspectiva intercultural, envolvendo indígenas e povos de diversas populações tradicionais da Amazônia.

De acordo com o vice-reitor da UEA, Mário Bessa, o ingresso de indígenas e pessoas de diferentes identidades amazônicas, representa um enorme passo para a integração desses povos à sociedade e na evolução da educação no Estado. “Na última década, apenas 5% das pessoas no Estado possuíam formação de nível superior. Então, para a UEA, é uma satisfação muito grande poder formar esses indígenas hoje”. Segundo Mário Bessa, a formação desses profissionais reforça a educação básica em 52 municípios onde foi realizado o curso e é um dos princípios da universidade, com a interiorização do ensino.

O diferencial da graduação é a promoção da interculturalidade, pela qual os indígenas se relacionam com não indígenas, cumprindo o papel social da universidade. Serão oferecidos três cursos de pós-graduação aos recém-formados em Manaus e no interior. Dos 1.870 novos profissionais, 632 são indígenas e os demais são provenientes de diferentes identidades amazônicas, entre elas, populações tradicionais, comunidades ribeirinhas, comunidades quilombolas, além de homens e mulheres do campo. Aldenor Félix, 38, foi um dos formandos que receberam o diploma na noite de ontem.
Novos graduados terão a oportunidade de fazer pós-graduação

Reforçando identidade cultural – Pertencente à etnia Ticuna e vindo do município de Benjamin Constant, Aldenor que trabalha na Secretaria Municipal de Educação há oito anos e mora em Manaus há 16 anos, quando veio estudar, ressalta a importância do curso em sua formação e agora pretende levar o conhecimento para os moradores da comunidade Filadélfia, onde nasceu e foi criado. “Hoje, nós vamos poder trabalhar e levar esse conhecimento para o restante do nosso povo. Nós vamos mais que reforçar a cultura indígena, mas mantê-la ao repassar para as crianças e jovens, que antes não sabiam escrever na sua língua”.

Indígena da etnia Ianomami, Maria Nunes iniciou os estudos em 2009 no município de Barcelos, onde nasceu e vivia, na comunidade Posto Ajuricaba, mas transferiu o curso para Manaus um ano depois. Após o termino da graduação, ela pretende retornar para cidade e trabalhar dentro da comunidade, repassando o que aprendeu as mais de 25 famílias que vivem no lugar. “Quero ajudar o meu povo e para isso pretendo voltar para Barcelos. Além de aprendermos questões como metodologia de ensino, nós também aprendemos sobre os nossos direitos e isso é extremamente importante, para que possamos repassar aos nossos parentes”.

Benefícios – A coordenadora do curso, Adria Simone de Souza, ressalta que o Proind trouxe diversos benefícios para os municípios onde o curso foi realizado, entre eles, o alcance social, o diálogo intercultural entre diferentes sujeitos, além das contribuições à educação por meio de estágios, minicursos, entre outros. “Formar esses profissionais é avanço para o processo do cumprimento da missão da UEA que é a interiorização, tudo isso realizado por meio da discussão das diferentes realidades do Amazonas. Essa é a principal contribuição do Proind”, destacou Souza.

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