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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Indígenas de Manaus vão ter aulas de inglês para a Copa de 2014


Mara Kambeba fala em nome dos indígenas na reunião realizada na Seind. Foto: Isaac Júnior


Vinte indígenas de associações representativas desses povos em Manaus vão poder se capacitar na língua inglesa com vistas a Copa do Mundo de 2014. A oportunidade foi apresentada nesta sexta-feira, dia 12, aos representantes dessas entidades pela Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind). O curso é gratuito e terá a duração de dois anos. A inserção dos indígenas no Programa de Capacitação em Idiomas faz parte de uma parceria do órgão com a Amazonastur, que prepara o setor turístico do estado para o Mundial. A execução é do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam).

A lista com os nomes de quem irá participar será enviada até o fim da próxima semana pela Seind. “As aulas ainda não tem data para começar, mas vai haver uma reunião com todos os envolvidos para definir os próximos passos”, informou o técnico do Departamento de Promoção dos Direitos Indígenas da Seind (Depi), Rafael Costodio Tikuna. “Eles vão levar a proposta para suas associações, porém tem um prazo para nos trazer os nomes”, lembrou Rafael.

O curso é uma demanda das próprias organizações, que tem encontrado dificuldades em comercializar os produtos com o turista estrangeiro, por conta da falta de entendimento da língua inglesa.

O problema é enfrentado todos os dias por pessoas como Jomara Araci Dessana, que é coordenadora da Associação dos Artesãos Indígenas Residentes em Manaus (Airm). A entidade tem 25 associados, sendo que dez deles deverão ser indicados para o curso. “Vai ajudar muito a gente, porque representa a comunicação com o turista”, observou. “A gente perde muitas vezes de vender por não falarmos inglês”, justificou.

Quem também não vai perder a chance de se capacitar é o artista plástico e radialista Francisco Kokama. Ele consegue amenizar alguns prejuízos ao se comunicar em espanhol com os turistas, mas alega que o inglês é fundamental para quem ainda luta por oportunidades entre os não indígenas. “Eu entendo um pouco do espanhol, mas preciso da outra língua para escoamento e venda dos protudos”, afirmou Francisco, que também é presidente da Associação dos Artistas Indígenas de Manaus Amazônia Viva, localizada no bairro Grande Vitória, Zona Leste. Quinze pessoas deverão concorrer a vaga, das 50 famílias cadastradas na organização, segundo o indígena.   

Apresentadora do programa “A Voz dos Povos Indígenas”, da rádio comunitária do bairro Amazonino Mendes (Mutirão), na Zona Norte, Idete Sateré observou que o curso também poderá ajudá-la na comunicação diária com os ouvintes. “Nossa freqüência é a 87.9 FM e chega não somente na Zona Norte, mas na Leste, em parte do Centro e até em Rio Preto da Eva”, enumerou.

Em tom de colaboração, Pedro Sateré aproveitou a reunião para sugerir que, a exemplo do inglês, o estado também possa ministrar cursos de idiomas indígenas, exclusivamente para os não indígenas. “Seria legal se o turista também pudesse falar com a gente em sateré, tikuna e outras línguas”, argumentou.        

Outros cursos
Durante a reunião na sede da Seind, cada representante das organizações também teve a oportunidade de conhecer uma lista de cursos técnicos profissionalizantes oferecidos pelo Cetam, totalmente gratuitos. De acordo com Rafael Tikuna, todos servem de oportunidades na obtenção de novos conhecimentos para utilização no dia a dia das comunidades indígenas. “A Seind faz a ponte, mas a lista também pode ser entregue diretamente ao Cetan pela organização, desde que ela esteja regularizada”, esclareceu.


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