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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Governos do Amazonas e Federal oficializam Projeto de Gestão Ambiental Sustentável das Terras Indígenas no Estado

Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira assina o contrato como testemunha. Fotos: Ascom/Seind
Por: Isaac Júnior
(De Brasília)

Em cerimônia realizada no Ministério do Meio Ambiente (MMA), em Brasília, o Governo do Amazonas e o Governo Federal assinaram nesta quinta-feira (dia 20), o contrato que oficializa a liberação de R$ 16,4 milhões para a execução do Projeto de Gestão Ambiental Sustentável das Terras Indígenas do Amazonas. Os recursos são provenientes do Fundo Amazônia e serão liberados gradativamente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de beneficiar aproximadamente 35 mil indígenas, de 34 povos (de forma direta e indiretamente), na geração de trabalho, renda e inclusão social.

O contrato (leia-se colaboração financeira não reembolsável) tem a duração de três anos e foi assinado pelo titular da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), Bonifácio José Baniwa, e pelo diretor da Área de Meio Ambiente do BNDES, Guilherme Lacerda.
Secretário Bonifácio José, na assinatura do contrato com o BNDES

Diretor da Área de Meio Ambiente do BNDES, Guilherme Lacerda, que assinou o contrato pelo banco

O projeto será executado em 15 municípios, distribuídos em cinco regiões e 28 terras indígenas, entre as quais Humaitá e Boca do Acre (a 1.038 quilômetros de Manaus), cujas comunidades foram afetadas pela construção das BR 230 e 317, respectivamente.

Anuência
Desde 2010, a Seind trabalha na elaboração e execução do projeto junto às comunidades indígenas, com apoio de outras instituições que integram o Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Várias consultas foram realizadas e termos de anuência foram encaminhados, para que as organizações participassem do processo.

O Governo do Amazonas desenvolve a política de etnodesenvolvimento, por meio do Programa Amazonas Indígena, há mais de dez anos, o que originou o Termo de Cooperação Técnica com a Funai, para execução das ações integradas”, destacou Bonifácio José, que fez uma pequena apresentação do projeto, antes da assinatura do contrato.
Bonifácio José, durante a apresentação do projeto, nesta quinta-feira, em Brasília

As atividades produtivas do projeto, alinhado aos objetivos da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI), foram definidas pelos próprios indígenas, público-alvo prioritário do Fundo Amazônia.

A presidente da Funai, Maria Augusta Assirati, garantiu que as ações feitas em parceria com o Governo do Amazonas deverão ser cada vez mais intensificados, porque, segundo ela, toda a política indigenista precisa ser trabalhada em níveis federal, estadual e municipal. Ela reconheceu o compromisso político do Governo do Amazonas com as populações indígenas e agradeceu o esforço da Seind em executar o projeto.

Esse é um passo de concretização da PNGATI e tem o aspecto que é extremamente importante, para além das ações de conservação e gestão ambiental, que é o conjunto de ações na área do etnodesenvolvimento”, disse a presidente que, a exemplo da secretária do MMA, Izabella Teixeira, assinou o contrato como testemunha.
Comitiva da Seind e a presidente da Funai, Maria Augusta Assirati. Da esquerda para a direita: Rosa dos Anjos, José Mário Mura, Amarildo Munduruku e Bonifácio José Baniwa

Izabella, aliás, informou que tem negociado com o governador Omar Aziz, uma visita ao Amazonas, ainda no primeiro semestre deste ano. A ida dela ao Estado seria estendida até a área de conflito, que envolve indígenas em municípios como Humaitá (a 600 quilômetros de Manaus). “Esse é um ano de Copa e de outras grandes atividades, mas eu me comprometi com o governador e irei visitá-lo. E se tiver oportunidade, eu irei também às áreas em conflito, que também serão atendidas pelo projeto”, observou a titular do MMA.

A cerimônia de assinatura do contrato também teve as presenças da titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável (SDS), Kamila Amaral, e dos secretários de Planejamento e Adjunto da Seind, José Mário Mura e Amarildo Maciel Munduruku, respectivamente, além da coordenadora do projeto, Rosa dos Anjos, que é técnica do Departamento de Etnodesenvolvimento da secretaria.
Outra foto da reunião, que teve boa cobertura da imprensa

Áreas prioritárias
A seleção das áreas e atividades prioritárias do Projeto de Gestão Ambiental Sustentável das Terras Indígenas do Amazonas obedeceram às demandas recebidas e o potencial produtivo de cada região, além de levar em conta como prioridade, as regiões onde há iniciativas de sustentabilidade em andamento e que carecem de fomento.

As ações estão voltadas para o controle, monitoramento e fiscalização ambiental; zoneamento ecológico e econômico; conservação e uso sustentável da biodiversidade, entre outros.

Em Humaitá e Boca do Acre, por exemplo, o projeto prevê assessoria aos indígenas Tenharín e Apurinã, com vistas à regulamentação de dois planos de gestão e um de manejo (Humaitá), por meio de atividades que vão desde a capacitação de agentes ambientais, com vistas ao monitoramento das terras indígenas, à realização de cursos de Piscicultura Básica e de Boas Práticas de Extração do Óleo da Copaíba.
Área indígena no município de Humaitá, que também receberá benefícios com o projeto 

Sete componentes
O projeto está estruturado em sete componentes principais: Planos de Gestão Ambiental de Terras Indígenas; agricultura familiar sustentável; manejo sustentável de produtos florestais; desenvolvimento da produção e do comércio de artesanato indígena e das atividades de pesca manejada e aquicultura; fortalecimento institucional da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas do Amazonas (Seind), única secretaria de Estado no Brasil dedicada exclusivamente aos interesses dos povos indígenas.

Os municípios que fazem parte da região de abrangência do projeto são Alvarães, Jutaí, Maraã e Tefé, localizados no triângulo dos rios Jutaí, Juruá e Solimões; Humaitá e Manicoré, no alto do rio Madeira; Maués e Nhamundá, no baixo Amazonas; Boca do Acre e Pauini, no médio Purus; Autazes (rios Negro e Solimões), Atalaia do Norte (Vale do Javari), Lábrea (Purus), Borba (baixo Madeira) e Rio Preto da Eva (Região Metropolitana de Manaus).

Ajustes
Representantes do BNDES vieram a Manaus e tiveram algumas reuniões pontuais com técnicos do Departamento de Etnodesenvolvimento da Seind (Detno), tanto para conhecer detalhes do projeto, quanto para tirar dúvidas, fazer ajustes e, por fim, encaminhar o documento para a análise final do banco.

Além da Seind, eles também tiveram reuniões com a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) e o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável (Idam), para conhecer diversas ações e atividades produtivas sustentáveis em áreas de produtores extrativistas do Amazonas.

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Passo a passo do projeto

De 2010 a 2011
Seind recebe as demandas e faz reuniões com as comunidades.

Abril de 2011
Seind apresenta proposta de projeto ao BNDES, em reunião realizada no Centro Amazônico de Formação Indígena (Cafi), em Manaus. Na ocasião, o secretário Bonifácio entregou ao gerente do Departamento de Gestão do Fundo Amazônia do BNDES, Guilherme A. Accioly, a proposta de projeto para a Gestão Ambiental e Territorial das Terras Indígenas no Estado;

Novembro de 2011
Seind oficializa apresentação do projeto junto ao BNDES;

Março de 2012
Equipe técnica do BNDES esteve na Seind para conhecer detalhes do projeto, que já se encontrava em análise pela instituição em Brasília;

Julho de 2012
Coordenados pela Seind, uma comitiva do banco esteve em São Gabriel da Cachoeira para conhecer projetos importantes desenvolvidos pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e parceiros, naquela região do Estado;

Fevereiro de 2013
Lideranças das principais organizações indígenas do município de Atalaia do Norte assinam Termo de Acordo com a Seind, por Centro de Referência no Vale do Javari. A construção do complexo na localidade é um dos itens do Projeto de Gestão Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável das Terras Indígenas do Amazonas;

Março de 2013
Projeto entra na fase final de análise pelo BNDES. Banco enviou técnicos à Seind novamente, para ouvir novas explicações, fazer o detalhamento do que foi proposto e submetê-lo à análise da diretoria do banco. O BNDES esteve representado na reunião por Guilherme Accioly; o administrador Gil Borba, que trabalha para o Fundo Amazônia no fomento e análise dos projetos; e a advogada Natália Farias, também da Gerência de Atividades Produtivas Sustentáveis;

Janeiro de 2014
Administrado pelo BNDES, o Fundo Amazônia aprova apoio de R$ 16,4 milhões para que o Governo do Amazonas execute o projeto em 28 terras indígenas, num prazo de 36 meses e beneficiamento de 35 mil indígenas, de forma direta e indiretamente.

Fevereiro de 2014
Assinatura do contrato que oficializa a liberação de até R$ 16,4 milhões para a execução do Projeto de Gestão Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável das Terras Indígenas do Amazonas. Foi efetuada no dia 20, em cerimônia realizada no Ministério do Meio Ambiente (MMA).
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Abrangência do Projeto

MUNICÍPIO
REGIÃO
INDÍGENAS
BENE-FICIA-DOS
01
Alvarães
Triângulo Jutaí/Juruá/Solimões
1.580
480
02
Autazes
Rio Negro/ Solimões
1.543
580
03
Atalaia
do Norte
Vale do Javari
4.086
600
04
Boca do Acre
Médio Purus
1.485
480
05
Humaitá
Alto Madeira
1.989
600
06
Jutaí
Triângulo Jutaí/
Juruá/
Solimões
2.281
560
07
Lábrea
Purus
3.211
900
08
Manicoré
Alto Madeira
2.580
300
09
Maraã
Triângulo Jutaí/
Juruá/
Solimões
968
360
10
Maués
Baixo.
Amazonas
3.508

350
11
Nova Olinda
do Norte
Baixo Madeira
4.585
600
12
Nhamundá
Baixo
Amazonas
837
300
13
Pauini
Médio Purus
4.400
900
14
Rio Preto da Eva
Região Metropoli-tana
280
90
15
Tefé
Triângulo Jutaí/Juruá/
Solimões
1.565
300
TO-
TAL
34.898
7.400



Produtos e Serviços
01
Elaborar e apoiar a implantação dos planos de gestão ambiental e construção de duas bases de monitoramento e o controle ambiental das terras indígenas Tenharim do Marmelo (município de Humaitá) e Camicuã (município de Boca do Acre);
02
Dotar a Seind de infraestrutura, com aparelhamento de tecnologias para execução das ações do projeto nas terras indígenas;
03
Capacitar 2.420 indígenas com a realização de 119 cursos, nas diversas atividades;
04
Fomento a 20 projetos de agricultura familiar sustentável, com diversificação agroecológica e segurança alimentar nas regiões do Baixo Amazonas, Região Metropolitana de Manaus e Médio Solimões;
05
Fomento a atividades de pesca manejada e aquicultura nas regiões do Baixo Amazonas, Purus e Médio Solimões;
06
Executar 11 projetos de manejo sustentável de produtos florestais nas regiões do Alto Madeira, Purus, Baixo Amazonas e Médio Solimões, com a construção de instrumentos legais de regularização dessas atividades nas terras indígenas;
07
Construção de três centros de produção, armazenamento e comercialização do artesanato indígena nas regiões: Purus - Lábrea e Vale do Javari, município de Atalaia do Norte;
08
Contrapartida – Gestão do Projeto.
 

Atividades e Produtos


01
Elaboração de dois Planos de Gestão Ambiental

SUBPRODUTO
Elaboração, implantação de dois planos de gestão ambiental e construção de duas bases de monitoramento e o controle ambiental das terras indígenas;

LOCAL/
MUNICÍPIO  
1 – T.I. Tenharim do Marmelos/Alto Madeira (Humaitá)
 
2 – T.I. Camicuã/
Boca do Acre 
02
Infraestrutu-ra da Seind
 
SUBPRODUTO
Aparelhamento de tecnologias para execução das ações do projeto nas Terras Indígenas;

LOCAL/
MUNICÍPIO

Seind/Manaus
03
Realização de 119 cursos (Formação profissional)
 
SUBPRODUTO  
2.420 indígenas capacitados nas diversas áreas e atividades e equipe técnica do projeto e funcionários da Seind.

LOCAL/
MUNICÍPIO 
 
Alvarães, Atalaia do Norte, Autazes, Boca do Acre, Borba, Humaitá, Lábrea, Manaus, Manicoré, Maués, Maraã, Nhamundá, Rio Preto da Eva, Pauini e Tefé. 
04
Fomento a projetos de agricultura familiar
 
SUBPRODUTO 
Projetos de agricultura familiar sustentável com diversificação agroecológica e segurança alimentar. 
LOCAL/
MUNICÍPIO 
Alvarães, Autazes, Boca do Acre, Borba, Lábrea, Maués, Nhamundá, Pauini Rio Preto da Eva e Tefé. 

05
Fomento a atividade de pesca manejada e aquicultura
 
SUBPRODUTO
1 - Pescado para consumo das famílias e comercialização do excedente nos municípios;
2 – Transporte para escoamento da produção de pescado das comunidades indígenas para os locais de comercialização.

LOCAL/
MUNICÍPIO
Alvarães, Autazes, Boca do Acre, Borba, Humaitá,
Lábrea, Manicoré, Maués e Tefé.

06
Assessoria na elaboração de propostas para regulamenta-ção de atividades florestais
 
SUBPRODUTO 
1 – Plano de manejo em execução;
2 – Proposta de instrumento legal para exploração dos recursos florestais;
3 - Estrutura adequada para o armazenamento e formação de estoque da castanha nas comunidades indígenas;
4 – Cadeias produtivas da castanha e óleos estruturadas nas comunidades indígenas; 
LOCAL/
MUNICÍPIO


Humaitá

07
Centros de referência cultural, capacitação e comercializa-ção de produtos indígenas.
 
SUBPRODUTO 
Polos de produção e armazenamento de artesanato instalados nas 4 calhas do Vale do Javari;
Centros de Referencia Cultural, Capacitação e Comercialização de Produtos 
LOCAL/
MUNICÍPIO
 
 
Autazes, Atalaia do Norte e Lábrea
08
Orçamento da gestão do projeto 
SUBPRODUTO
Formar equipe para gestão do projeto

LOCAL/
MUNICÍPIO

Seind
Equipe: coordenador do projeto, técnico para acompanhamento de gestão ambiental, técnico de acompanhamento das atividades de pesca e aquicultura e técnico de acompanhamento de atividades de artesanato e produtos florestais.

Fonte: Seind


Outras informações
Terra Indígena: Marajaí, Méria, Igarapé Grande, Maraã/
Urubaxi, Espírito Santo, Barreira das Missões.
Área: 132.986.
Municípios: Alvarães, Jutaí, Maraã e Tefé.
Povos: Kokama, Miranha, Tikuna, Mayoruna e Kambeba.
Potencial: Mandioca, melancia e pescado.

Terra Indígena: Vale do Javarí.
Área: 8.544.480 ha.
Município: Atalaia do Norte.
Povos: Marubo, Mayoruna, Matis, Kulina, Kanamarye Korubo.
Potencial: Manejo de recursos florestais, mandioca, manejo, milho, borracha e artesanato indígena.

Terra Indígena: Camicuã, Km 45 e Terra Km 124.
Área: 126.957 ha.
Município: Boca do Acre.
Povos: Apurinã e Jamamadi.
Potencial: Castanha-do-pará, mandioca, óleos vegetais, feijão e pecuária.

Terras Indígenas: Caitetu, Maraa-Jarawara, Jamamadi/Kanamanti, Deni e São Pedro Sepatini.
Município: Lábrea.
Área: 2.376.005 ha.
Povos: Apurinã, Jamamadi, Deni e Jarawara,
Paumari, Katukina, Banawa, Suruawa, Hi-Merimã, Katawixi.
Potencial: Mandioca, óleos vegetais, feijão e pescado.

Terras Indígenas: Tenharim Marmelos A e B, Jiahui, Nove de Janeiro, Ipixuna.
Área: 1.462.975 ha.
Município: Humaitá.
Povos: Tenharim, Parintintin, Jiahui, Pirahã, Tora, Mura, Apurinã, Munduruku, Miranha e Satere-Mawé.
Potencial: Mel, mandioca, manejo, melancia, óleos vegetais, castanha-do-pará, borracha e turismo.

Terra Indígena: Nhamundá/Mapuera.
Área: 1.049.520 ha.
Município: Nhamundá.
Povo: Hexkaryana.
Potencial: Cacau, castanha-do-pará, mel e turismo.

Terra Indígena: Andirá Marau.
Área: 788.528 ha.
Município: Maués.
Povo: Sateré Mawé.
Potencial: Guaraná, abacaxi, banana, cacau e turismo.

Terra Indígena: Koata /Laranjal.
Área: 1.153.210 há.
Município: Borba.
Povo: Munduruku,e Saterá-Mawé.
Potencial: Mel, mandioca, melancia, óleos vegetais, castanha-do-pará, borracha e açaí.

Região Metropolitana de Manaus
Município: Rio Preto da Eva.
Potencial: Açaí, banana, laranja, mandioca, malva, melancia, pesca, leite e derivados e turismo.

Total de áreas: 15.869.341 ha.

Fonte: Seind



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