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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Indígenas do Amazonas e do Canadá trocam experiências via Telessaúde

Sec. Bonifácio José falou com indígenas do Canadá, da sala de telessaúde da UEA. Fotos: Isaac Júnior
Por: Isaac Júnior

Uma conversa informal marcou o primeiro contato em tempo real entre indígenas do Amazonas e de algumas aldeias de Vancover, no Canadá, nesta quarta-feira (15), na sala do Núcleo de Telessaúde da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) em Manaus. O marco histórico só foi possível, graças à nova tecnologia criada pelo Governo Federal e adequada à realidade dos amazonenses pelo Governo do Estado. Seis indígenas, entre eles o titular da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), Bonifácio José, participaram do bate-papo, cuja ponte foi feita pela missão brasileira que está desde o início desta semana na Canadá, para manter o intercâmbio e troca de experiências nas áreas de Telessaúde e de Saúde Indígena.

A missão se comunicou com os amazonenses diretamente da comunidade indígena conhecida como Lago de Cruz e é coordenada pelo diretor da Escola de Ciências da Saúde da UEA, Cleinaldo Costa. Até sexta-feira (17), ela também deverá percorrer cidades como Winnipeg e Cross Lake, localizadas na província de Manitoba, próxima a Ottawa, capital federal canadense.

Do ponto de vista de apoio, o objetivo é manter o foco de ampliação do programa, que hoje atende apenas às comunidades indígenas do Alto Rio Negro e do rio Andirá, no Baixo Amazonas.

A viagem é fruto de uma cooperação internacional para assuntos na área de saúde, firmado em maio de 2009 entre os governos do Brasil e do Canadá. “Estou impressionado em poder conversar com vocês à distância, pois isso nos aproxima numa terra em que uma das maiores dificuldades são as distâncias e em que nossos rios são nossas estradas”, destacou Bonifácio José. “Que essa tecnologia possa nos aproximar e trazer benefícios para a saúde dos nossos povos”, acrescentou o secretário, que foi convidado a participar da missão, mas não pôde viajar.

Do outro lado, uma indígena devolveu o agradecimento e se declarou preocupada com a situação da saúde nas aldeias da Amazônia. “Há similaridade com o que acontece entre vocês e a experiência que temos aqui na província de Manikova, por isso temos um acordo benéfico”, afirmou.

Bonifácio replicou, enumerando outras dificuldades que somente parcerias como a que começou a ser feita com o Canadá podem diminuir o sofrimento dos indígenas no Amazonas. “Temos 178 terras que ficam em regiões muito distantes do perímetro urbano em 500 anos de contato e temos, ainda, os indígenas não contatados que vivem na floresta, por isso o enfrentamento na questão da saúde é grande”, argumentou. “Daí, a importância da universidade em conhecer as doenças e a participação do Governo do Estado em entender melhor o nosso povo, ao aproximar os indígenas dessa modernidade. Parabéns!”, finalizou Bonifácio José. 

Via Internet
Em fase de ampliação, o Programa Telessaúde Brasil foi criado em 2007 pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de qualificar, à distância (via Internet), profissionais que trabalham na Estratégia Saúde da Família.
O Amazonas tem 50 pontos de Telessaúde, dois deles nas áreas indígenas de Yauaretê, no distrito do município de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus) e em Umirituba, às margens do rio Andirá-Marau, em Barreirinha (a 328 quilômetros de Manaus). “A ideia é ampliar o número desses pontos com a vinda de novos recursos, tanto do Governo Federal, quanto dessa parceria com os canadenses”, afirma Cleinaldo Costa.

Entre as outras instituições que fazem parte da missão no Canadá estão as universidades federais de Minas Gerais (UFMG), de Santa Catarina (UFSC), de Goiás (UFG), de São Paulo (USP) e do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Missão no Brasil
Em março do ano passado, na viagem que ficou conhecida como “Missão Brasil-Canadá”, a parceria entre brasileiros e os profissionais do continente norte-americano trouxe ao País uma delegação composta de servidores do ministério da saúde canadense Health Canadá.

No Amazonas, eles participaram da oficina Brasil-Canadá de Telessaúde e Saúde Indígena, que serviu para a troca de experiências com a ajuda de computadores e Internet. Na ocasião, parte da comitiva visitou as instalações do núcleo de Yauaretê e outra parte foi para um polo-base de atendimento a indígenas, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Roraima, mais precisamente na região Yanomami.

Antes, porém, em outubro de 2009, técnicos do Ministério da Saúde brasileiro já haviam visitado a Sociedade Canadense de Telessaúde (Telehealth Canadá) e uma comunidade indígena conhecida como Bella Bella, no norte de Vancouver.

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