Indígenas de Maués, durante o atendimento jurídico centralizado e integrado na Seind desta sexta-feira. Fotos: Vívian Gama |
Por: Isaac Júnior
A Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) vai intermediar na próxima quarta-feira (26), às 10h, no Instituto de Terras do Amazonas (Iteam), uma reunião entre a presidência da instituição com representantes das 16 famílias saterés ameaçadas de serem expulsas da terra onde vivem em Maués (a 267 quilômetros de Manaus). Os indígenas alegam que não podem ser retirados pelos ribeirinhos, porque moram e trabalham há quase 30 anos na área de aproximadamente 15 mil metros quadrados, localizada no rio Arauá, de onde tiram o sustento com a produção de guaraná.
O problema atinge diretamente os moradores das comunidades Menino Deus e São Benedito, num percurso que vai até a parte conhecida como açaizal.
O caso foi apresentado nesta sexta-feira (21) ao Departamento de Atendimento aos Povos Indígenas (Dapi), durante as atividades de atenção jurídica integrada e centralizada na Seind, com a cópia de um documento expedido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) atestando que a terra é do Governo do Estado. Os indígenas foram atendidos pela Defensoria Pública da União, que providenciou um ofício para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) mande um representante à reunião de quarta-feira.
“A Seind solicitou informações ao Iteam para que confirme as declarações prestadas pelo Incra quanto à propriedade das referidas terras”, informou a assessora jurídica da Seind, Lourdes Catarina. “Aproveitando uma agenda marcada com o presidente do instituto, na quarta o secretário Bonifácio José também tratará desse assunto pessoalmente, ocasião em que será acompanhado pelos indígenas envolvidos no conflito”, justificou.
Secretário Bonifácio recebeu o pedido dos indígenas e o encaminhou ao Dapi |
Aumento na produção
As 16 famílias que trabalham com o guaraná tiveram um aumento na produção nos últimos anos, o que, segundo elas, tenha sido o motivo da revolta dos ribeirinhos. Até um abaixo assinado teria sido feito para retirá-las da localidade.
Mais de 1,3 mil quilos de guaraná são comercializados a preços unitários de R$ 40 (talo) e R$ 60 (moído), de acordo com o cacique Luís Sateré, que é assessor da comunidade de São Benedito.
Assinatura do indígena serviu para registrar pedido de apoio no Dapi |
‘Colapso econômico’
Um dos indígenas que lutam para ganhar o direito de ser dono do local é o cacique Otávio dos Santos Sateré, que vê como prioridade a legalização da terra em questão, sob pena de haver um “colapso econômico” dentro das próprias aldeias. “Nós trabalhamos durante sete anos ao lado deles e nunca houve problema”, afirmou o indígena. “Agora que nossa comunidade aumentou a produção eles começaram a desmatar para acabar com tudo e tomar conta da área”, denunciou.
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