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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Indígenas Mura comercializam frutas produzidas em Autazes no Feirão da Sepror


Indígenas Mura comercializam banana até domingo no Feirão da Sepror. Fotos: Isaac Júnior e Raimundo Gonçalves (Ceplac)

Por: Isaac Júnior 

Com apoio do Governo do Amazonas, aproximadamente 38 famílias indígenas do povo Mura residentes em Autazes (a 118 quilômetros de Manaus), começaram a ter seus produtos comercializados no Feirão da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), nesta quinta-feira (9), em Manaus. Quatro toneladas de banana vão ser vendidas até domingo, a preços populares, num dos estandes montados no Parque de Exposição Agropecuária Dr. Eurípedes Lins, localizado na avenida Torquato Tapajós, Zona Norte da capital amazonense.

A ação tem o apoio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e é resultado de um trabalho que começou em janeiro do ano passado, numa área correspondente a dois hectares da aldeia Josefa, localizada a 45 minutos de carro da sede do município, no rio Madeira. 
Plantação de banana feita pelos Mura no município de Autazes

A meta dos produtores é comercializar 12 toneladas de frutas, por semana, ainda em 2012, com a inclusão de outras espécies como cacau, açaí e taperebá. “As bananas são dos tipos Tahap-Maeo e Fhia, variedades desenvolvidas pela Embrapa e resistentes às doenças e ataques de pragas”, destacou o técnico agrícola, Edivaldo Oliveira, que é do povo Munduruku e que prestou toda assistência na aldeia em todas as etapas da produção. “Todos receberam palestra e participaram da elaboração do projeto; trabalharam na preparação da área, nas práticas de plantio, no manejo, produção e, por fim, na comercialização”, enumerou ele. 

Para trazer os produtos a Manaus, os indígenas tiveram a parceria do Conselho Indígena Mura (CIM), da Prefeitura de Autazes e da própria Sepror. As quatro toneladas de banana fazem parte da primeira safra e foram transportadas em 140 caixas. 

Todo o processo de produção, desde o plantio, teve o acompanhamento da Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira (Ceplac), instância ligada ao Ministério da Agricultura. 

O financiamento é do Banco da Amazônia (Basa) e, de acordo com o secretário em exercício da Seind, José Mário Mura, a secretaria teve um papel importante para a liberação das linhas de crédito aos indígenas. “No início de 2012, nós fomos convidados a apoiá-los na questão da liberação da DAP”, informou o secretário. “Cada família financiou R$ 30 mil, em média”, acrescentou Edivaldo, que é funcionário da Ceplac em Autazes.
Indígena do povo Munduruku, Edivaldo Oliveira tem acompanhado todo o processo de produção desde o início

Oportunidade
Um dos mais motivados a fazer grandes negócios é Salatiel Souza. O indígena mura revelou que, por ser novo no ramo, não quer perder a oportunidade no Feirão da Sepror. “É a grande chance que temos para alcançar esse mercado, pois lá em Autazes já não é possível absolver tudo. O mercado local está cheio”, explicou. 

Há um ano e meio no escritório da Ceplac, no município, o técnico agropecuário Raimundo Neto Gonçalves (que não é indígena) avaliou o início do trabalho como a fase mais difícil de todo o processo de produção na aldeia Josefa. “Foi complicado, porque os indígenas têm aquela maneira de seguir o que herdam dos pais, avós e bisavós, mas aos poucos eles foram entendendo e aderiram a nossa metodologia”, informou Raimundo.  


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