Indígenas mostram desenho do que irão produzir durante a oficina. A servidora da Seind, Rosa dos Anjos, acompanhou tudo. Fotos: Rosa dos Anjos |
Por: Isaac Júnior
Mais uma etapa dos projetos “Valorização das Mulheres Indígenas” e “Extraindo Renda da Floresta” foi cumprida nas últimas semanas pelo Governo do Amazonas, com a realização de oficinas de melhoria da qualidade do artesanato e criação de pequenos animais na região do rio Solimões. Aproximadamente 60 indígenas foram beneficiados com a ação, que foi desenvolvida entre a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), a Associação das Mulheres Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (Aminsa) e a União dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (Unipi).
Os dois projetos são executados desde o início deste ano, com financiamento do Programa Demonstrativo dos Povos Indígenas (PDPI), instância do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Ambos abrangem os municípios de Alvarães, Uarini, Maraã e Japurá, beneficiando oito aldeias: Ponta da Castanha e Porto Praia, do povo Tikuna; Nova São Joaquim, Jeremias e Jutaí, dos Maku Nadeb; São Francisco e Patauá, dos Kanamari; e Laranjal, dos Miranha.
A primeira oficina abordou o artesanato e foi realizada em Nova São Joaquim, em Japurá (a 1.498 quilômetros de Manaus). A segunda foi na aldeia de São Francisco, em Maraã (a 681 quilômetros de Manaus). Em ambas, os indígenas ouviram as instruções, participaram de todo o processo de extração da matéria prima até a confecção do material trabalhado.
De acordo com uma das coordenadoras da Aminsa, Ercília da Silva Vieira Tikuna, o projeto cumpre mais uma etapa importante com as oficinas. “Na verdade, nosso trabalho começou em dezembro, em Manaus, depois fizemos as viagens de diagnóstico e outras para organizar os grupos de mulheres”, disse Ercília, que divide a coordenação da entidade com a também indígena Maria de Nazaré dos Santos Mayoruna.
Durante uma semana, todos os participantes das oficinas tiveram a oportunidade de fazer a coleta do cipó, da madeira, das sementes e do barro para produzir cestos, balaio, remo, colar, enfeites para cabelo e cocar.
Depois de extrair, 'sêo' José começa a trabalhar o cipó, outro passo da oficina |
Divulgação
Para gerar renda às comunidades envolvidas, o projeto prevê também a divulgação e a inserção dos indígenas em outras atividades afins e de interesse dos próprios beneficiados. “Precisamos divulgar essa riqueza que é grande na terra, por isso estamos incentivando os maku, por exemplo, que vendem mais vassouras, para que vendam também cestos e paneiros que eles próprios podem produzir”, justificou Ercília.
Elas começaram a mostrar o que aprenderam na aldeia São Francisco |
Fortalecimento
Dentro da política de etnodesenvolvimento do Governo do Amazonas, essas oficinas estão inseridas nos eixos estratégicos de ação do Programa Amazonas Indígena, com produção e sustentabilidade, fortalecimento das organizações, reconhecimento e valorização desses povos.
Sustentabilidade
O PDPI é um projeto que surgiu estimulado pelo avanço da demarcação das Terras Indígenas e pelo desafio posterior de garantir a sustentabilidade das mesmas. Em termos de distribuição, o Amazonas foi o estado que mais submeteu e tem projetos aprovados junto ao PDPI, o que se torna um grande atrativo para que a relação com a Seind fique cada vez mais estreita.
Etapas
Para realizar oficinas como as de Japurá e Maraã, as organizações que procuram financiamento do PDPI precisam cumprir etapas, antes e durante a execução de um projeto. Primeiramente, identificar os principais produtos para, em seguida, fazer um diagnóstico sobre suas potencialidades econômicas nos mercados locais e nacionais. As oficinas servem também para melhoria na qualidade do que é produzido, com o objetivo da geração de renda.
Alguns produtos do resultado final de uma semana de atividades nas aldeias de Maraã e Japurá |
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