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domingo, 2 de dezembro de 2012

Indígenas do Amazonas são incentivados a trabalhar com o látex na produção de peças artesanais

Ação vai da extração do produto à comercialização de peças, que começa na própria oficina. Fotos: Divulgação/Seind


Comunidades indígenas de três municípios amazonenses são as primeiras a utilizar o látex de diferentes espécies de seringueiras na produção de peças artesanais. O trabalho é desenvolvido por meio da técnica conhecida como “eucauchados”, que combina conhecimentos tradicionais e científicos (processos industriais), aprimorados e adaptados para serem utilizados de forma artesanal na própria floresta.

O projeto é executado pelo Polo de Proteção Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio) em parceria com o Governo do Amazonas, que tem incentivado as comunidades indígenas a desenvolver a técnica, por meio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind). A iniciativa conta com recursos da Petrobras e o apoio de instituições como o Banco do Brasil, Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

A participação dos indígenas do Amazonas no projeto começou este ano em comunidades de Autazes, São Gabriel da Cachoeira e, mais recentemente, em Borba (a 150 quilômetros de Manaus). De acordo com a chefe do Departamento de Promoção dos Direitos Indígenas da Seind (Depi), Rose Meire Barbosa, a Seind tem um papel importante nesse processo. “Cabe à secretaria diagnosticar o potencial produtivo, assessorar o Poloprobil na implantação da unidade e incentivar a participação dos indígenas, facilitando a logística para a realização das atividades”, informou Rose Meire.
Indígena aprende a utilizar o látex na produção de peças artesanais

No início é realizado um diagnóstico do potencial de cada comunidade. Em seguida, os indígenas participam de oficinas que aliam o conhecimento tradicional com o científico, num trabalho simples que agrega valor ao produto (borracha), sem qualquer interferência no estilo de vida dessas pessoas e sem causar prejuízos ao meio ambiente.

Em Borba, por exemplo, a atividade reuniu 30 produtores e mais três seringueiros indígenas do povo Munduruku, da Aldeia Laranjal, situada no médio rio Madeira. A ação deverá gerar benefícios para mais de 200 pessoas, de forma indireta.
Trabalho consiste na junção dos conhecimentos tradicionais e científicos
Workshop
O projeto tem gerado oportunidades de trabalho e renda para as populações indígenas, a partir das próprias oficinas. Ao final de cada atividade, tudo o que é produzido passa a ser comercializado num workshop. “Em Borba, eles conseguiram vender em torno de R$ 600 no workshop”, informou o servidor da Seind Ageu Sateré, que esteve no município, acompanhado de uma técnica do Poloprobil.
Resultado do trabalho também pode ser visto nas camisas
Oficina em Belém
Além da capacitação, o projeto também possibilita o intercâmbio entre os indígenas da Região Norte. Durante os próximos dez dias, a cidade de Belém será sede da Oficina de Capacitação entre Multiplicadores de Encauchados Vegetais da Amazônia. O Amazonas estará representado no evento por Dalvino Souza Mura, 42, da aldeia Muritinga, e por dona Amilta Munduruku, da aldeia Laranjal.

Ambos estiveram sexta-feira (30 de novembro) na Seind, para fechar os últimos ajustes da viagem até a capital paraense. “O projeto é bom”, destacou Dalvino. “Esta oficina (programada para um assentamento) é para capacitar os seringueiros e irá nos ajudar no dia a dia com nossas comunidades”, acrescentou o indígena, que é filho de seringueiros e trabalha no ramo há mais de 20 anos.
Dalvino segue tradição de família, mas para ele, dessa vez o trabalho com o látex vai além da extração

Reaproximação    
Criado em 1998 em Rio Branco, no Acre, e transformado em Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) em 2002, o Poloprobil desenvolveu a pesquisa dos encauchados junto a populações indígenas e comunidades extrativistas da Amazônia, com o objetivo de reaproximar o extrativismo da borracha e seus benefícios das populações indígenas e comunidades extrativistas da Amazônia.

Atualmente, a entidade contribui para o desenvolvimento local, por meio de práticas sustentáveis, com atuação em projetos de pesquisa, desenvolvimento, repasse de tecnologia, inovação e extensão.
Vista frontal da Aldeia Laranjal e dos indígenas que participaram da oficina no médio rio Madeira

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