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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Seind realiza ação para proteger terras indígenas em Manacapuru


Técnico da Seind, Ronisley Martins mostra o marco número seis, encontrado pelo grupo durante o dia. Fotos: Divulgação/Seind

Em contato direto com um ambiente hostil, repleto de cobras, bando de queixada (porco do mato) e vestígios de onça, entre outros animais, dois técnicos da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e oito indígenas do povo Apurinã encerraram nesta segunda-feira (dia 17), a primeira parte do acompanhamento técnico de limpeza das picadas demarcatórias das terras indígenas Jatuarana e Fortaleza do Patauá. O trabalho foi realizado durante uma semana e ficou centrado na identificação dos marcos da área que abriga as duas aldeias, no município de Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus).

Uma segunda etapa está prevista para 2013, quando serão processadas as picadas nos locais demarcados. O objetivo é deixar, limpo, os limites das terras e evitar invasões nas duas localidades.

A atividade representou o encerramento das ações executadas pelo Governo do Amazonas no ano de 2012, em cumprimento às condicionantes ambientais indígenas para atendimento ao Programa de Compensação e Mitigação dos Impactos Ambientais da Ponte Rio Negro.

“Já levamos material como bota e terçado, mas no próximo ano voltaremos lá para realizarmos todo o processo de picadas, com calma e de acordo com a disponibilidade dos próprios indígenas”, informou o técnico do Departamento de Etnodesenvolvimento da Seind (Detno), Cláudio Pequeno, do povo Apurinã. “Levaremos as placas de identificação da Funai que estão faltando, com dizeres como Proibido a entrada de Pessoas Estranhas, bem como tudo o que é necessário para a identificação desses locais como áreas demarcadas”, acrescentou.
Trabalho começa cedo e o terçado é um dos equipamentos utilizados

A ação em Manacapuru faz parte do plano de trabalho da câmara Melhoria da Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas, do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Demarcadas e homologadas
Das áreas beneficiadas, Jatuarana é a que detém o maior espaço, com 5.251 hectares. A homologação e demarcação do local ocorreram no dia 28 de outubro de 1991, durante o governo de Fernando Collor de Melo. Já Fortaleza do Patauá ocupa uma área de 743 hectares, homologada e demarcada no dia 19 de abril de 2004, no governo Lula.

Como o serviço de manutenção das picadas já foi realizado pela Funai, durante e após a demarcação, apenas alguns locais precisam de reparos, segundo a avaliação técnica da Seind. “Eles precisam ser limpos e recuperados para depois colocarmos as placas de sinalização, no sentido de que não fiquem camufladas no mato e que as pessoas possam visualizá-las, visto que lá é uma terra indígena demarcada, é de uso restrito daquela população e não pode ser invadida”, destacou o técnico da Seind Ronisley Martins, que também esteve nas atividades executada nas duas aldeias.

Sobrevivência
Para realizar o acompanhamento técnico nas duas terras indígenas de Manacapuru, o grupo de dez pessoas precisou unir os conhecimentos tradicionais às técnicas de sobrevivência, principalmente no período noturno. Sem elas, já não seria possível cumprir o cronograma que já sido estabelecido antes de entrarem na mata. “Teve uma noite que ninguém conseguiu dormir, por conta de um animal desconhecido que ficou gritando, sem parar, das dez horas até cinco da manhã”, disse Cláudio Apurinã. “Tivemos de fazer vigília para não sermos surpreendidos”, observou.
Atividade une conhecimento tradicional a técnicas de sobrevivência
Equipe teve de encarar cobras como esta, além de outros animais perigososd

Além do perigo iminente, o grupo precisou correr contra o tempo para cumprir toda a programação. Uma das saídas foi começar o trabalho mais cedo e seguir sem intervalo, até as primeiras horas da noite, no mais tardar.

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