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sexta-feira, 16 de março de 2012

Seind apresenta produção sustentável em terras indígenas a estudantes norte-americanos

Secretário Bonifácio (à esquerda) contou com a ajuda da própria TNC na tradução da palestra. Fotos: Viviam Gama/Ascom-Seind
Por: Isaac Júnior

O fortalecimento da economia indígena no Amazonas foi o tema principal de uma palestra realizada nesta sexta-feira (16), no Tropical Hotel, para 30 estudantes de especialização MBA, da Escola de Economia e Business da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Após quase uma hora de explanação, o secretário de Estado para os Povos Indígenas, Bonifácio José Baniwa, foi praticamente sabatinado pelos futuros diplomatas, que quiseram saber mais sobre o assunto e de que forma ele é tratado pelo Governo do Estado junto às comunidades e organizações indígenas.

O titular da Seind não só respondeu as perguntas ligadas à produção sustentável dos povos indígenas, cujos projetos estão contidos no Plano Plurianual do Executivo (PPA) para execução até 2015, como também fez um resumo da evolução histórica da política pública em prol dessas populações no estado. Abordou desde a Constituição de 1988, que reconhece o direito dos povos indígenas e as terras onde eles vivem; a convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que foi aprovada em 1989 e trata dos direitos dos povos indígenas; até a criação da própria Seind, em julho de 2009, fruto da política de etnodesenvolvimento desenvolvida pelo Governo do Amazonas com os próprios indígenas. “Mostramos o nosso programa, o modelo que atendemos e o sistema que o governo tem hoje para tratar a política indígena e atender às demandas dos povos indígenas”, disse o secretário.
Palestra apresentou um resumo da evolução histórica das políticas públicas em benefício dos povos indígenas

Como referência de economia indígena e fortalecimento das comunidades, Bonifácio evidenciou o extrativismo que hoje é desencadeado dentro das aldeias. Ele destacou a cadeia produtiva da castanha, desenvolvida com a ajuda de parceiros em locais como o município de Alvarães (a 538 quilômetros de Manaus); do artesanato, da agricultura e dos óleos vegetais, além de enfatizar a importância do pescado e do turismo para o fortalecimento dessas populações. Tudo trabalhado de forma interligada entre as comunidades e a produção sustentável, de acordo com ele.

Ao final da palestra, que foi organizada pelo Programa de Conservação da Amazônia TNC (The Nature Conservancy), um dos professores da Universidade de Virgínia que acompanharam a delegação na visita a Manaus acenou para a possibilidade de uma parceria para elaboração do plano de negócio. “Ele ficou interessado em tratar dos planos de negócio e colocar produtos indígenas no mercado em geral, o que é uma deficiência enfrentada pelas organizações, apesar da ajuda do governo”, observou Bonifácio José.

Educação
Questionado pela estudante e engenheira norte-americana Carolina Marun, sobre a educação indígena e a vida nas aldeias, Bonifácio José falou dos programas de governo que já existem nas localidades e cujas aulas são ministradas pelos próprios professores indígenas, inclusive na língua materna. “O conhecimento é único, porém é preciso o diálogo para em favor do bem das comunidades”, disse.

Futuros diplomatas fizeram várias perguntas sobre a trajetória de conquistas dessas populações no Amazonas
No intuito de buscar melhorias para a educação escolar indígena, a Seind esteve em Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus) no início deste mês, quando firmou uma parceria com a prefeitura do município nesse sentido e com benefício direto para aproximadamente 200 indígenas, das comunidades Jatuarana, Fortaleza do Patauá e São Francisco do Guiribé, do povo Apurinã; e São Francisco do Patauá, dos Tikuna.  
  
Foirn
Bonifácio conseguiu tirar dúvidas em relação à origem dele na Aldeia Tucumã Rupita, localizada na região do rio Içana (terra indígena Alto Rio Negro), em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus).

Para justificar o processo de saída da aldeia, na década de 80, o secretário informou que a decisão foi difícil, porém motivada pela entrada de pessoas estranhas nas aldeias, a falta de conhecimento externo e a necessidade de aprender a língua portuguesa.  De acordo com o secretário, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) teve um papel importante no processo de demarcação das terras indígenas no estado, à época. “Queremos simplesmente que nossos direitos sejam respeitados”, finalizou Bonifácio José, sob aplausos dos estudantes.

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