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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Oportunidade de realizar feira na Ponta Negra fortalece organizações indígenas


Indígenas têm espaço exclusivo para eles,  pela primeira vez, na Ponta Negra. Fotos: Ascom/Seind

Por: Isaac Júnior

Apesar da chuva de domingo (dia 21) à noite, que praticamente impossibilitou a realização de qualquer atividade no calçadão da Ponta Negra, a “Feira de Exposição e Comercialização de Produtos Indígenas” teve um saldo positivo, durante os dois dias de participação na terceira edição do Abril Cultural Indígena. A avaliação é da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e dos próprios artesãos, com base no fato de que, em toda a história da Ponta Negra, esta foi a primeira vez que os indígenas tiveram um espaço exclusivo para que expusessem seus produtos no local. 
Produtos em exposição na feira indígena armada durante dois dias

Onze organizações e três empreendedores indígenas de Manaus e do entorno da capital amazonense se inscreveram na feira, mas apenas nove participaram até o final do evento, que foi organizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Seind, com o apoio da Prefeitura Municipal de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Social (Semtrad). “Foi a oportunidade que eles tiveram de promover a cultura e proporcionar desenvolvimento socioeconômico”, definiu a chefe do Departamento de Promoção dos Povos Indígenas (Depi), Rose Meire Barbosa. "Quero destacar o empenho da equipe do Depi, que se empenhou ao máximo para fazer com que a feira tivesse sucesso", acrescentou. 
Mais produtos da exposição

De acordo com Jaime Dessano, 38, e Sônia Vilacio, 39, ambos da Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (Amism), a presença indígena na feira serviu para manter viva a identidade dos povos indígenas. “Estamos aqui para representar nossa existência e insistência por nosso espaço na sociedade”, resumiu Sônia. “Vendendo ou não, mantemos nossa identidade e, ao mesmo tempo, fortalecemos a política cultural, o que é uma forma de motivar a Seind a buscar novas parcerias com instituições que trabalham e valorizam os povos indígenas”, acrescentou Jaime, que é de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus) e mora há 17 anos em Manaus.
Jaime Dessano destaca a identidade dos povos indígenas no local

Faturamento
Por volta das 20h de domingo (momento em que chovia forte em Manaus), as organizações presentes ao calçadão da Ponta Negra contabilizavam um faturamento de R$ 2,2 mil. Destaque para as barracas de Jamara Araci, 39, do povo Dessano, e Maria do Carmo, 49, que é coordenadora da Associação da Comunidade Indígena Wanano (ACIWC). Cada uma havia vendido pouco mais de R$ 400, nos dois dias de feira.
Visitante fica impressionada com a qualidade do material apresentado

Ligada à Associação dos Artesãos Indígenas Residentes em Manaus (AAIRM), Jamara  vendeu pulseiras, brincos colares e aneis.
Barraca de Jamara Araci (à direita) é uma das mais frequentadas

Já Maria do Carmo apresentou um número considerável de artesanatos. O material é produzido por 22 indígenas associados à ACIWK. Homens e mulheres (de todas as idades) do bairro Nova Floresta, Zona Leste, estão entre os beneficiados. O trabalho é feito à base de tecelagem, trançado (cestaria), bolsas de fibra de tucum, vime, brumas e barro (cerâmica), madeiras e sementes.

De pai para filho
Questionada se teria clientes para tanto material, Maria do Carmo informou que o público alvo é o turista. “As pessoas que vêm de outros estados são as que mais procuram nossos produtos e até entram em contato para comprar no varejo e no atacado”, explicou a indígena, que trabalha no ramo desde os oito anos de idade e faz questão de dizer que a cultura é passada de pai para filho. “Para manter nossa cultura tradicional, além do artesanato, nós trabalhamos com roça, falamos a língua nativa e ainda somos parceiras de organizações como a dos indígenas Yanomami do alto rio Negro e dos Tikuna do alto Solimões”, disse Maria do Carmo.
Maria do Carmo (à esquerda) trabalha desde os oito anos e leva para a feira o que tem de melhor para oferecer ao público

Integração
Em uma ação da câmara técnica “Promoção dos Povos Indígenas do Amazonas”, por meio do Comitê de Atuação Integrada entre o Governo do Estado e a Fundação Nacional do Índio (Funai), a terceira edição do Abril Cultural Indígena começou na sexta-feira (dia 19), no 1º Batalhão de Infantaria de Selva (1º. BIS). A solenidade foi realizada em conjunto entre o Governo do Amazonas e o Comando Militar da Amazônia (CMA).

No mesmo dia, os indígenas participaram das competições esportivas, que foram realizadas durante todo o dia no local, sob a coordenação da Seind, com apoio do CMA e da Secretaria de Estado do Desporto, Juventude e Lazer (Sejel).  

A feira de artesanato começou no sábado pela manhã e entrou pela noite, na Ponta Negra. Na ocasião, foram realizadas as comemorações alusivas ao Dia do Índio e ao Dia do Exército Brasileiro.

No domingo (21), a feira prosseguiu até aonde a chuva deixou, encerrando as atividades do Abril Cultural em Manaus. O evento continua no interior do Estado até o dia 1º. de maio.
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Participantes dos dois dias de feira na Ponta Negra
·      Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn);
·      Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (Amism);
·      Organização das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé de Manaus (Omism);
·      Associação dos Artesãos Indígenas Residentes em Manaus (AAIRM);
·      Associação da Comunidade Indígena Wanano (ACIWC);
·      Conselho Indígena Inhãa-Bé;
·      Bernadete Brito (Tariana);
·      José Tikuna;
·      Eraldo Tikuna.

Fonte: Seind
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3º Abril Cultural Indígena 
Interior do Amazonas  
DATA
LOCAL
ATIVIDADE
20 a 22/04
Terra Indígena Kwatá Laranjal, em Borba
Festival Cultural e Esportivo do Povo Munduruku.
27 e 28/04
Entorno de Manaus
Semana do Índio na Comunidade Livramento.
27/04 a 1/05
Belém do Solimões, em Tabatinga
3º Festival Indígena Eware.
Fonte: Seind

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