Chefe indígena canadense Shane Gottfriedson, durante explanação no Fibea. Fotos: Divulgação/Seind |
Por: Isaac Júnior
“Há
48 anos cumprimos a missão de desenvolver nossas terras e quero compartilhar
nossas conquistas com vocês, para que possam desenvolver suas terras, criando
negócios sustentáveis”. Com esta frase, o representante indígena do Canadá
Shane Gottfriedson resumiu o principal objetivo
da Conferência Fibea (Fostering Indigenous Business &
Entrepreneurship in Americas – Promoção de Negócios e Empreendedorismo Indígena
nas Américas) de 2012, que começou nesta quinta-feira (26) em Manaus, com a
participação de indígenas canadenses, do Alaska e amazonenses.
Aliada
ao intercâmbio, a conferência é uma oportunidade de alianças entre
empreendedores indígenas e não indígenas, no sentido de discutir ideias,
soluções e oportunidades de negócios, além de formular e implementar modelos
sustentáveis de negócios.
Shane
Gottfriedson fez uma explanação e apresentou um vídeo sobre as conquistas dos
canadenses nas áreas de extrativismo, pescado, turismo, dentre outras,
inclusive com a participação ativa das próprias mulheres indígenas.
Indígenas do Amazonas, Canadá e Alaska que participam do Fibea |
O
encontro é organizado pelo Instituto Zagaia Amazônia, com patrocínio da
Petrobras e apoio do Governo do Amazonas, por meio das Secretarias de Estado
para os Povos Indígenas (Seind) e de Mineração, Geodiversidade e Recursos
Hídricos (SEMGRH). A abertura teve como moderador o diretor do Fibea, Raul
Gouvêa. Toda a programação faz parte do Abril Cultural Indígena e tem como
tema: "Rio + 20: Empreendedorismo Indígena e Sustentabilidade" e
prossegue até esta sexta-feira (27), no Quality Hotel Manaus.
Intercâmbio
Para
o secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa, o Fibea tem proporcionado um
intercâmbio de experiências que fortalece o povo indígena como um todo. “Esses
parentes (que vieram do Canadá e do Alaska) têm sua história e eles têm nos
dado essa força para continuarmos nossa luta”, disse, referindo-se a projetos
como o Lapidart, cujo objetivo é trabalhar joias e pedras semipreciosas a
partir do grafismo indígena. “Nós já temos o aval da sociedade, a Constituição
nos dá esse direito, mas o problema é que tem alguns que interpretam o assunto
(mineração em terras indígenas) de forma diferente e acabam interferindo ou
confundindo a cabeça dos parentes na hora de decidir o caminho a ser traçado
com determinado produto a ser trabalhado em sua terra”, explicou o secretário.
O
titular da Seind participou da mesa ao lado do secretário da SEMGRH, Daniel
Nava, e de representantes indígenas do Alto Rio Negro, que estão pela primeira
vez em Manaus para conhecer as experiências apresentadas. À tarde, Bonifácio
José fez uma explanação da política indigenista do Estado. “A Seind é uma
parceira e vamos oferecer a ela todas as condições para trabalhar com os modelos
sustentáveis de negócios”, disse Daniel Nava, em tom de apoio à secretaria
indígena.
Também
participaram das discussões nesse primeiro dia do evento, o deputado e
presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas
(Aleam), Luiz Castro; e a coordenadora geral de Estudos da Suframa, Ana Maria
Oliveira Souza.
Daniel Nava, Ana Oliveira (Suframa), Raul Gouvêa (Fibea) e dep. Luiz Castro. |
Canadenses
De
acordo com Shane Gottfriedson, os negócios no Canadá são operados por oito
diferentes corporações. Uma das finalidades é continuar a construir essa
capacidade de recursos humanos indígenas, para consolidar todo o trabalho.
“Muitas mulheres trabalham nas minas, não tinham experiência, mas aprenderam
nos cursos e na prática”, justificou o ‘chefe’ canadense.
Apesar
do “extermínio” de muitas tribos (de 32 passaram para apenas mil indígenas), os
“parentes” canadenses que vivem às margens do rio Thompson, possuem estação de
gás, escolas e todas as condições imprescindíveis para viver com dignidade. Em
2010, um novo acordo foi firmado com o Governo Federal daquele país, que deverá
gerar USD 14 milhões anuais para os empreendedores indígenas. “Estamos muito
orgulhosos, pois há quase 60 anos não tínhamos nada, apenas plantávamos,
caçávamos, pescávamos e éramos pobres”, resumiu Shane. “Isso aqui é uma missão
de câmbio (troca) de oportunidades, de desenvolvimento, o que significa que a
distância entre indígenas e governos precisa acabar”, acrescentou.
Lembranças
Representante
do Alaska, o senhor Pete Esquiro entregou uma lembrança ao secretário Bonifácio
José e recebeu outra de Daniel Nava. Esta é a segunda vez que ele vem ao Brasil, mas nunca havia tido a oportunidade
de participar de um evento tão importante com é o Fibea. “Visitei alguns povos,
ouvi os anseios dos mais idosos e é um momento especial para mim”, disse,
emocionado. “Trabalho com isso todos os dias e essas pedras vão estar comigo,
na minha mesa de trabalho”, finalizou.
Observado por Daniel Nava, sec. Bonifácio recebe palavras de incentivo de Pete Esquiro, do Alaska. |
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