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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Indígenas canadenses e do Alaska reforçam luta por negócios sustentáveis em prol das comunidades indígenas no Amazonas


Chefe indígena canadense Shane Gottfriedson, durante explanação no Fibea. Fotos: Divulgação/Seind

Por: Isaac Júnior

“Há 48 anos cumprimos a missão de desenvolver nossas terras e quero compartilhar nossas conquistas com vocês, para que possam desenvolver suas terras, criando negócios sustentáveis”. Com esta frase, o representante indígena do Canadá Shane Gottfriedson resumiu o principal objetivo  da Conferência Fibea (Fostering Indigenous Business & Entrepreneurship in Americas – Promoção de Negócios e Empreendedorismo Indígena nas Américas) de 2012, que começou nesta quinta-feira (26) em Manaus, com a participação de indígenas canadenses, do Alaska e amazonenses.

Aliada ao intercâmbio, a conferência é uma oportunidade de alianças entre empreendedores indígenas e não indígenas, no sentido de discutir ideias, soluções e oportunidades de negócios, além de formular e implementar modelos sustentáveis de negócios.

Shane Gottfriedson fez uma explanação e apresentou um vídeo sobre as conquistas dos canadenses nas áreas de extrativismo, pescado, turismo, dentre outras, inclusive com a participação ativa das próprias mulheres indígenas.
Indígenas do Amazonas, Canadá e Alaska que participam do Fibea

O encontro é organizado pelo Instituto Zagaia Amazônia, com patrocínio da Petrobras e apoio do Governo do Amazonas, por meio das Secretarias de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos (SEMGRH). A abertura teve como moderador o diretor do Fibea, Raul Gouvêa. Toda a programação faz parte do Abril Cultural Indígena e tem como tema: "Rio + 20: Empreendedorismo Indígena e Sustentabilidade" e prossegue até esta sexta-feira (27), no Quality Hotel Manaus.

Intercâmbio
Para o secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa, o Fibea tem proporcionado um intercâmbio de experiências que fortalece o povo indígena como um todo. “Esses parentes (que vieram do Canadá e do Alaska) têm sua história e eles têm nos dado essa força para continuarmos nossa luta”, disse, referindo-se a projetos como o Lapidart, cujo objetivo é trabalhar joias e pedras semipreciosas a partir do grafismo indígena. “Nós já temos o aval da sociedade, a Constituição nos dá esse direito, mas o problema é que tem alguns que interpretam o assunto (mineração em terras indígenas) de forma diferente e acabam interferindo ou confundindo a cabeça dos parentes na hora de decidir o caminho a ser traçado com determinado produto a ser trabalhado em sua terra”, explicou o secretário.

O titular da Seind participou da mesa ao lado do secretário da SEMGRH, Daniel Nava, e de representantes indígenas do Alto Rio Negro, que estão pela primeira vez em Manaus para conhecer as experiências apresentadas. À tarde, Bonifácio José fez uma explanação da política indigenista do Estado. “A Seind é uma parceira e vamos oferecer a ela todas as condições para trabalhar com os modelos sustentáveis de negócios”, disse Daniel Nava, em tom de apoio à secretaria indígena.

Também participaram das discussões nesse primeiro dia do evento, o deputado e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Luiz Castro; e a coordenadora geral de Estudos da Suframa, Ana Maria Oliveira Souza.
Daniel Nava, Ana Oliveira (Suframa), Raul Gouvêa (Fibea) e dep. Luiz Castro.

Canadenses
De acordo com Shane Gottfriedson, os negócios no Canadá são operados por oito diferentes corporações. Uma das finalidades é continuar a construir essa capacidade de recursos humanos indígenas, para consolidar todo o trabalho. “Muitas mulheres trabalham nas minas, não tinham experiência, mas aprenderam nos cursos e na prática”, justificou o ‘chefe’ canadense.

Apesar do “extermínio” de muitas tribos (de 32 passaram para apenas mil indígenas), os “parentes” canadenses que vivem às margens do rio Thompson, possuem estação de gás, escolas e todas as condições imprescindíveis para viver com dignidade. Em 2010, um novo acordo foi firmado com o Governo Federal daquele país, que deverá gerar USD 14 milhões anuais para os empreendedores indígenas. “Estamos muito orgulhosos, pois há quase 60 anos não tínhamos nada, apenas plantávamos, caçávamos, pescávamos e éramos pobres”, resumiu Shane. “Isso aqui é uma missão de câmbio (troca) de oportunidades, de desenvolvimento, o que significa que a distância entre indígenas e governos precisa acabar”, acrescentou.

Lembranças
Representante do Alaska, o senhor Pete Esquiro entregou uma lembrança ao secretário Bonifácio José e recebeu outra de Daniel Nava. Esta é a segunda vez que ele vem ao  Brasil, mas nunca havia tido a oportunidade de participar de um evento tão importante com é o Fibea. “Visitei alguns povos, ouvi os anseios dos mais idosos e é um momento especial para mim”, disse, emocionado. “Trabalho com isso todos os dias e essas pedras vão estar comigo, na minha mesa de trabalho”, finalizou.
Observado por Daniel Nava, sec. Bonifácio recebe palavras de incentivo de Pete Esquiro, do Alaska.

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