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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Público prestigia apresentação inédita de Ritual da Moça Nova em um grande shopping de Manaus


Encenação do Ritual da Moça Nova prendeu a atenção de quem passeava pelo shopping. Fotos: Isaac Júnior (Divulgação/Seind)


Por: Isaac Júnior

O Abril Cultural Indígena realizou uma façanha na tarde desta sexta-feira (20) em Manaus. Pela primeira vez, o evento conseguiu prender a atenção do público de um grande centro de compras, como é o Manauara Shopping, com a encenação de um ritual indígena. O Espaço da Cidadania Ambiental (Ecam), localizado no segundo piso do complexo, ficou pequeno para acompanhar aquilo que seria o “Ritual da Moça Nova”, apresentado pelo grupo indígena Wotchimaücü, do bairro Cidade de Deus, na Zona Leste da capital amazonense.

Esse tipo de cultura é tradicional entre alguns povos, inclusive os Tikuna, e leva até um ano para ser preparado. O objetivo é celebrar, da melhor forma possível, a primeira menstruação de uma jovem indígena. “Levamos de cinco meses até um ano para juntar os alimentos e tudo o que precisa, para que possamos fazer uma grande festa”, explicou o cacique Reginaldo Marcolino, 52, que é da aldeia Umariaçu, no município de Tabatinga, mas mora há 20 anos em Manaus.

As atividades do Abril Cultural Indígena no Ecam começaram na última segunda-feira (16), com exposição de artesanato, danças, cantos, entre outras. A realização é do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e parceiros como a Secretaria Muncipal de Educação (Semed), que esteve à frente das atividades nesta sexta-feira.
Exposição de artesanato e outros produtos indígenas

Os tikuna realizaram, ainda, uma aula na língua nativa e cantaram músicas tradicionais, que geralmente são apresentadas em eventos especiais como o que está ocorrendo desde o início da semana, em comemoração ao mês indígena.

Além do grupo Wotchimaücü, músicas como Nguta'keegü, que significa União, puderam ser ouvidas também na voz da cantora Djuena Tikuna.
Djuena Tikuna cantou músicas tradicionais, inclusive de autoria própria

Muito o que comemorar
Para o titular da Seind, Bonifácio José Baniwa, a presença dos indígenas caracterizados dentro de um shopping é resultado de conquistas que começaram lá atrás, com muita luta. “Algumas pessoas me perguntam se temos alguma coisa para comemorar, e eu digo que sim, pois, no passado, já quiseram até exterminar o nosso povo, mas resistimos e hoje podemos entrar em espaços como este para apresentar a nossa cultura a todos”, comemorou o secretário. “Considero isso um exercício de cidadania da execução dos direitos do povo indígena, que é construída pelo Governo do Amazonas, os parceiros e as próprias organizações indígenas”, acrescentou.   
Secretário Bonifácio José fez referência às conquistas do povo indígena e diz que, apesar dos problemas, há muito o que comemorar no 'Dia do Índio'

Este é o segundo ano consecutivo do Abril Cultural Indígena e também representa a segunda participação do Ecam, que é coordenado pela Vara Especializada do Meio Ambiente e de Questões Agrárias (Vemaqa). E se depender do apoio do juiz de Direito Adalberto Carim Antônio, a parceria deve durar por muito tempo. “O Poder Judiciário fica orgulhoso de participar em algo que enriquece a todos nós, que é sentir esse legado que os nossos indígenas nos deixaram”, destacou o titular da Vemaqa.

Mulheres Indígenas
A programação seguiu por todo o dia e entrou pela noite. O público também pôde conferir um pouco da origem da Associação das Mulheres Indígenas do Rio Negro (Amarn), que foi criada em 1987, com o objetivo de valorizar as indígenas, incentivar a formação profissional das associadas, estimular e garantir a venda do artesanato.
Mulheres da Associação Amarn fizeram um histórico de luta da entidade

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