Por: Isaac Júnior
A pouco menos de dois meses de completar dois anos,
o projeto de Atendimento Jurídico Centralizado e Integrado aos Indígenas em
Manaus já é referência nacional e concorre à nona edição do Prêmio
Innovare. Nesta sexta-feira (10), o auditor do prêmio para o Estado do
Amazonas, o advogado gaúcho Geraldo Vinícius dos Santos, 30, esteve na Secretaria
de Estado para os Povos Indígenas (Seind) para avaliar a prática e coletar
dados do projeto, que serão repassados por ele à comissão julgadora do concurso,
em Brasília.
O Prêmio Innovare é realizado todos os anos com o objetivo
de identificar, premiar e disseminar práticas inovadoras realizadas por
magistrados, membros do Ministério Público (estadual e federal), defensores
públicos e advogados públicos e privados de todo o Brasil, que estejam
aumentando a qualidade da prestação jurisdicional e contribuindo com a
modernização da Justiça brasileira. Os vencedores deste ano serão conhecidos em
dezembro.
Idealizado e inscrito no prêmio pelo procurador
chefe federal, Bruno Júnior Bisinoto, o projeto de atendimento jurídico aos
indígenas em Manaus é executado desde o dia 14 de outubro de 2010, de segunda a
sexta-feira, graças ao Termo de Cooperação Técnica firmado entre o Governo do
Amazonas (por meio da Seind) com a Defensoria Pública
da União no Amazonas (DPU), a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE) e
a Procuradoria Federal no Estado do Amazonas. “Com o atendimento, os indígenas
têm um ponto de referência, já sabem a quem recorrer, ou seja, é um projeto que
está dando certo”, destacou o secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa.
Procurador Bruno Bisinoto (esq.), ao lado do secretário Bonifácio José, na assinatura do Termo de Cooperação com a Seind, em abril de 2010 |
No Departamento de Atendimento aos Povos Indígenas
(Dapi), Geraldo Vinícius fez elogios ao projeto e até deu algumas sugestões
para melhorá-lo. “Essa iniciativa de cada instituição parceira e dos servidores
é louvável, pois além de identificar os problemas, une forças por meio das
parcerias para resolvê-los”, afirmou. “A OAB Cidadã é um projeto que poderia
muito bem fazer parte desse processo, quem sabe não possamos ter uma OAB Cidadã
Indígena?”, sugeriu o auditor.
Geraldo dos Santos (esq.) recebe informações sobre o projeto, do procurador Cássio Loula e da assessora Elcilene Colares, com Édson Lobão ao fundo |
NÚMEROS
De acordo com dados divulgados pelo Dapi, até esta sexta-feira foram
realizados 514 atendimentos, sendo 332 até o fim de 2011 e 182 em 2012, até o
momento. Os indígenas recebem auxílio em causas comuns como homicídios, lesões
corporais, pensão alimentícia, benefícios previdenciários, entre outros.
O atendimento gratuito aos indígenas é feito de segunda a quinta-feira (triagem)
e às sextas-feiras na Seind, pelo gerente do Dapi, Édson Lobão; a assessora
jurídica da DPE, Elcilene Colares; os procuradores federais, Cássio Loula e
Manoel Guerra; e pelo técnico da DPU, Cristovão Murilo. A Seind funciona na rua
Bernardo Ramos, Centro, ao lado do prédio antigo da Prefeitura Municipal de
Manaus.
Assessora jurídica da DPE, Elcilene Colares, no atendimento aos indígenas |
DESAFIOS
Um dos maiores desafios do Dapi é levar o atendimento que hoje é
realizado em Manaus, também ao interior do estado. Apesar da falta de recursos para
que isso seja concretizado, o projeto tem obtido resultados positivos na
capital amazonense. Dos casos que chegam à Seind, aproximadamente 80% são
resolvidos no próprio local e não precisam ser encaminhados a outras
instituições. “A ideia é aumentar o número de parceiros, para que facilite a
prestação dos serviços”, informou Édson Lobão. “Na semana passada, teve uma
indígena que disse que passou a acreditar na Justiça e nas instituições
públicas, por conta do atendimento que recebeu aqui no Dapi”, ressaltou a assessora
jurídica Elcilene Colares.
Após a conversa com o secretário, o auditor disse que teve boa impressão do projeto e disse que enviaria o relatório a Brasília nesta sexta-feira mesmo |
Nenhum comentário:
Postar um comentário