Daniel Piratapuia (à direita) mostra produtos indígenas que servem de opção para o fim de ano. Fotos: Divulgação/Seind |
Por: Isaac Júnior
Fim
de ano chegando e a corrida pela procura de produtos com motivos natalinos é
intensificada por toda a cidade de Manaus. Mas, para quem pretende fazer uma
ornamentação diferenciada, com enfeites que unem o convencional ao tradicional
num mesmo ambiente, a opção pode ser um conjunto de peças artesanais produzidas
por indígenas e comercializadas até domingo (dia 2 de dezembro) na 39ª. Exposição
Agropecuária do Amazonas (Expoagro).
Quem
visitou a área indígena da feira nesta quinta-feira (29) pôde constatar que as
malocas dispõem de luminárias com abajus de ouriço de castanha e cestarias de
fibras naturais, que podem muito bem ser aproveitadas em meio a enfeites onde
prevalece a figura da árvore de natal. Outra dica dada pelos próprios indígenas
são os animais da fauna amazônica talhados em madeira (onça, tucano e
papagaio), que podem servir de elementos extras num espaço onde esteja o
presépio, figuras de Papai Noel, estrelas, anjos, entre outros.
Somados
a redes, bolsas, tapetes, balaios e miniaturas de canoa e tamanduá bandeira, todos
os produtos são vendidos a preços populares pelas organizações que participam
da Expoagro, com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado
para os Povos Indígenas (Seind). As cestarias e abajus, por exemplo, variam de
5 a 10 reais. Já o tucano sai por 20 (o menor) e 40 reais, que chega a um metro
de comprimento. “Para muita gente, tudo isso aqui é novidade e pode muito bem
ser aproveitado no natal”, sugeriu Daniel Rodrigues Piratapuia, que é natural
do município de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus) e diz
que a renda obtida na barraca onde trabalha beneficia aproximadamente 30
famílias ou 150 pessoas da comunidade São João, no quilômetro 4 da BR 174, onde
mora desde 2006.
Vista parcial da área indígena na Expoagro, com faixa institucional da Seind em destaque |
Inclusão
social
A
proposta da participação indígena na Expoagro é trabalhar a inclusão social,
geração de renda, valorização do patrimônio cultural material e imaterial
indígena e o intercâmbio cultural com a sociedade para comunidades como a do
senhor Daniel Rodrigues Piratapuia, que realiza esse tipo de atividade o ano
inteiro.
Para
a feira deste ano, a expectativa do indígena é faturar um pouquinho mais dos R$
1.600,00 que obteve no ano passado. “O movimento ainda não é o ideal, mas
esperamos que melhore até domingo, pois temos muita coisa boa para apresentar
aos visitantes”, disse Daniel Piratapuia.
Outros
produtos
Situada
na área do seringal da Expoagro, as malocas indígenas também comercializam brincos,
alianças, porta-joais e colares ao preço de 10 reais em média. Todos esses
produtos podem ser encontrados em barracas como a de Vanda Braga Maricaua, que
é indígena do povo Kokama e nasceu em Santo Antônio do Iça (a 888 quilômetros
de Manaus).
Vanda Maricaua negocia produtos como pulseira de madeira e semente de açaí |
Ano
passado, ela não pôde participar da feira por conta de problemas de saúde, mas agora
tem como meta vender muito, principalmente as peças feitas com semente de açaí.
“Elas chamam atenção e são as mais procuradas pelos clientes”, informou a
indígena do bairro Grande Vitória (Zona Leste).
Colares e pulseiras estão entre os mais vendidos por Maria do Carmo Sateré |
Outros produtos que podem ser encontrados na Expoagro |
Tambaqui,
pacu, puqueca...
Enquanto
os produtos são vendidos e a cultura mostrada das mais diversas formas nas
malocas indígenas, a fumaça exala um cheiro familiar e agradável ao ambiente. É
o peixe assado com baião de dois, encontrado na barraca de uma especialista no
assunto: Marta Ariá, que é integrante da Organização de Mulheres Indígenas
Sateré-Mawé de Manaus (Omism/Watyamã).
Até
a noite de quinta-feira (29), Marta já havia faturado 400 reais com a venda. Lá
o prato completo de pacu custa 10 reais, enquanto a banda de tambaqui não sai
por mais de R$ 15. “Temos outras opções como a caldeirada de tucunaré, a banana
cozida e a puqueca de sardinha, que é uma delícia”, receitou.
Uma das delícias da feira é a culinária. Marta Sateré vende do tambaqui à puqueca de sardinha |
A
39ª Expoagro é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de
Estado de Produção Rural (Sepror), e tem a participação de 20 associações
indígenas. O apoio da Seind faz parte do plano de trabalho da câmara técnica
“Promoção dos Direitos Socioculturais dos Povos Indígenas”, do Comitê de
Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio
(Funai).
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