Técnicas de salvamento foram mostradas durante a preparação no Tarumã-Mirim. Foto: Divulgação/Seind |
A preparação dos indígenas para a prova de Arrais
Amador continua e chegou à comunidade São Sebastião, localizada no
Tarumã-Mirim, na zona rural de Manaus. Após 40 horas de aulas sobre técnicas de
salvatagem (utilização de equipamentos como salva-vidas e bóias) e técnicas de
resgate em ambiente aquático, um grupo de 45 indígenas do povo Baré foi
capacitado pelo Governo do Amazonas e prepara-se agora para a prova, que é realizada
na última quinta-feira de cada mês, na Capitania dos Portos, para a obtenção da
Carteira de Habilitação de Amador (CHA).
Antes, porém, os indígenas terão de cumprir mais dez
horas de aula prática no Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia
(Cecma). A exigência é da Marinha do Brasil, que é a responsável pele expedição
da carteira.
Com a CHA, que tem validade de dez anos, o indígena
tem a oportunidade de conduzir embarcações de pequeno porte pelos rios da
Amazônia de forma não-profissional.
A capacitação no Tarumã-Mirim atendeu a uma
solicitação feita pela própria comunidade junto à Secretaria de Estado para os
Povos Indígenas (Seind) e foi executada pelo Centro de Educação Tecnológica do
Amazonas (Cetam), entre os dias 19 e 23 deste mês, em mais uma ação da câmara
técnica Melhoria da Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas, do Comitê
Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional
do Índio (Funai). “A carteira é para que
eles possam ir e vir, trazendo e levando os parentes e mercadorias para
consumo, dentro do que determina a legislação, mas só faz a prova quem tiver as
dez horas de aula prática”, ressaltou o técnico da Seind Ronisley Martins, que
é habilitado em Arrais Amador e, como instrutor da capacitação há mais de dez
anos, já formou mais de 30 turmas, com ênfase nas comunidades tradicionais.
Ronisley Martins explica uma das técnicas. Ele já formou mais de 30 turmas em pouco mais de dez anos |
Outras
técnicas
Durante a capacitação, também foram apresentadas
técnicas de primeiros socorros, de combate a incêndio, nós e amarrações, elementos
ou partes da embarcação e regulamentos de segurança do tráfego aquaviário,
conforme a Lei 9.537/97, as Normas da Autoridade Marítima (Normam-03) e o
Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento (colisão) no Mar (Ripeam).
Após terminar a capacitação e, consequentemente, as
aulas práticas, os indígenas fizeram um ofício com a lista de participantes da
primeira etapa teórica da capacitação e a entregaram aos organizadores do
certame nesta segunda-feira (26). “A nossa contribuição foi capacitá-los para
responder as questões da prova”, informou o instrutor.
Prova
A prova de Arrais Amador tem a duração de duas horas
e 40 questões de múltipla escolha. Para fazê-la, cada indígena precisa pagar
uma taxa de R$ 50 e apresentar Carteira de Identidade, CPF e comprovante de
residência, além de requerimento ao capitão dos Portos e atestado médico.
Para ser aprovado, o indígena precisa acertar ao
menos 50% das questões. O resultado final com a lista dos aprovados sai em uma
semana.
Integração
A carteira da Marinha é dividida em duas categorias,
a profissional aquaviário e a amador. No caso dos indígenas, a opção é pela
segunda, que os permite conduzir embarcações de esporte e recreio pelos rios da
Amazônia. “É importante salientar que não passamos somente o conhecimento
técnico sobre as legislações e regulamentos de navegação, mas a integração das
vivências tradicionais, aliada a uma metodologia própria e participativa, com
uma linguagem adequada que facilite o entendimento dos povos indígenas em
relação ao conteúdo ministrado, relacionando teorias e práticas por meio de
dinâmicas interativas para fixação das atividades”, definiu Ronisley Martins.
Integração das vivências tradicionais foi ressaltada pelo instrutor aos participantes |
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