Indígenas recebem informações da instrutora do curso, Eugênia Rocha, do Cetam. Fotos: Divulgação/Seind |
Por: Isaac Júnior
Em
contato direto com um computador e conectados com o mundo digital (a maioria
pela primeira vez), dezesseis indígenas concluíram o Curso de Informática
Básica, que foi realizado entre os dias 22 de outubro e 1º. de novembro, em
Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus), por meio do Comitê Gestor de Atuação
Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai). A
atividade é mais uma etapa vencida, de um cronograma que será executado até o
fim de novembro, em cumprimento às condicionantes ambientais indígenas para
atendimento ao Programa de Compensação e Mitigação dos Impactos Ambientais da
Ponte Rio Negro.
Atividade reuniu indígenas de cinco comunidades, com idade entre 16 e 40 anos |
O
curso foi promovido em parceria pela Secretaria de Estado para os Povos
Indígenas (Seind), o Centro de Treinamento Tecnológico do Amazonas (Cetam) e a Ouvidoria
Geral do Estado do Amazonas, em mais uma ação da câmara técnica “Melhoria da
Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas”, a terceira das quatro que
formam o Comitê Gestor.
As
atividades também contam com o apoio de parceiros como a Secretaria Municipal
de Educação (Semed/Manacapuru), do Polo Base de Saúde do município e das
próprias comunidades indígenas envolvidas. “Além de informática, já efetuamos cursos
como o de Educação Ambiental e de Condutor de Trilhas, e ainda estão previstos
outros, como o de Gestão Administrativa e Financeira”, informou o chefe do
Departamento de Etnodesenvolvimento da Seind, Cristiano Oliveira, que
participou da cerimônia em Manacapuru, acompanhado da gerente acadêmica do
Cetam, Guirlene Pinheiro; do gerente do PAC do município, Alexandre Maia; da
conselheira tutelar Eliane Maia; e da instrutora do Cetam, Eugênia Rocha.
Cristiano Oliveira representou o secretário da Seind, Bonifácio José, na cerimônia de encerramento, e falou da importância do curso para os indígenas |
Socialização
Com
os novos conhecimentos adquiridos, os indígenas (com idade entre 16 e 40 anos) disseram
ao final do curso, que pretendem socializar o que aprenderam com os mais de 200
“parentes” dos povos Tikuna, Apurinã e Sateré-Mawé, que hoje vivem nas
comunidades de São Francisco do Guiribé, São Francisco do Patauá, Fortaleza do
Patauá e Jatuarana, em Manacapuru; e na comunidade Sahu-Apé, em Iranduba (a 25 quilômetros
de Manaus). “É uma inovação, porque noventa e cinco por cento deles estiveram
pela primeira vez em frente de um computador”, destacou Alexandre Maia. “Foi
bom também para os poucos que já possuem o equipamento, pois eles poderão mexer
com mais ferramentas, de agora em diante”, acrescentou o técnico da Seind que
acompanhou todo o desenrolar do curso, Cláudio Pequeno Apurinã.
É
o caso de João Wato, 39, que é indígena sateré-mawé da comunidade Sahu-Apé.
Para ele, o curso abriu novos horizontes, principalmente porque vai
possibilitar que trabalhe com arquivos de dados. “Eu tinha dúvidas em relação
ao programa Excel, que é importante para nós, que trabalhamos com planilhas, na
prestação de contas”, explicou.
João Wato (de azul), do povo Sateré, buscou se aprofundar no Excel |
Primeira vez
Um
simples manuseio do mouse e o primeiro acesso a programas como o Word e o Excel
foram suficientes para que pessoas como Francisco Kawpoari, 39, de São
Francisco do Guiribé, reconhecessem a importância de um computador no dia a dia
da aldeia. “Existe uma caneta, mas precisamos da tecnologia para executar
melhor os trabalhos”, observou o indígena, do povo Apurinã, cuja esposa, Maria
Karaxipa, fez questão de acompanhá-lo na cerimônia de encerramento do curso em
Manacapuru.
Os dois integram uma comunidade com mais de 50 indígenas, distribuídos
em 13 famílias, que vivem entre oito e 40 anos no local.
Francisco Kawpoari, do povo Apurinã, teve o primeiro contato com um computador |
Próxima atividade
A
próxima atividade do cronograma é o curso Associativismo e Cooperativismo, que
está previsto para ser realizado entre os dias 19 e 23 de novembro em Sahu-Apé,
para aproximadamente 25 indígenas.
Participantes e realizadores do curso em Manacapuru |
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