Abertura ocorreu no
fim da tarde de terça-feira, no centro de visitações do Musa, no JB. Fotos: Divulgação/Musa
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A
presença dos indígenas dos povos Tukano, Dessana e Tuyuka marcou a festa de
abertura das exposições Sapos, Peixes e Musgos – a vida entre a terra e a água
na Reserva Ducke e Peixe e Gente, que ocorreu no final da tarde de ontem (6),
no centro de visitação do Museu da Amazônia (Musa), no Jardim Botânico Adolpho
Ducke, Zona Leste de Manaus. Visitantes, convidados, colaboradores e equipe de
produção assistiram à Dança dos Peixes (Wai-Masã), que, na cultura Tukano tem a
finalidade de comunicar aos peixes que vão fazer a piracema, o início das
atividades de pesca na região. Ao som dos carriços (flautas indígenas), eles
realizaram o ritual que nas aldeias costuma proceder à confecção das
armadilhas.
São
muitas as armadilhas de pesca utilizadas pelos indígenas das etnias do alto rio
Negro que compõem a exposição Peixe e Gente, no JB. Trazidas do rio Tiquié, ou
construídas no próprio local da exposição, elas são o resultado de séculos de
ocupação e experiência nessa área do alto rio Negro. São jequis variados,
imihnó (cacuri portátil), esteiras (grandes e pequenas), matapis, caiás e puçás
– dispositivos fixos utilizados na captura de peixes, que foram instalados em
espaço aberto do JB, ou na maloca que se constitui num portal de entrada da
exposição, e que abriga outras peças da exposição.
O
visitante que comparecer ao Jardim Botânico vai se deparar com as armadilhas de
pesca – algumas enormes – mapas, artefatos indígenas, objetos de cerâmica,
utensílios domésticos, distribuídos num amplo espaço de 1000m2 do centro de
visitação do Musa. Poderá conhecer um pouco dos mitos e da cosmologia Tukano
relacionada aos conhecimentos da pesca, o dia a dia das comunidades e o rico
patrimônio material e imaterial das comunidades habitantes do alto rio Negro.
A
exposição retrata os conhecimentos indígenas e ictiológicos, mitos e conceitos
cosmológicos relacionados à origem dos peixes e suas relações com a humanidade.
A instalação da exposição foi coordenada pelo artista plástico Zeca Nazaré e
contou com uma equipe de trabalho formada por artistas plásticos, artesãos e
conhecedores indígenas, além da equipe do próprio Musa. Com recursos da Lei
Rouanet, contou com a parceria do Instituto Socioambiental/ISA, por meio das
participações do curador da exposição, Aloisio Cabalzar, autor do Livro “Peixe
e gente” e da antropóloga Melissa Oliveira.
Aprendizado
Durante
a abertura das exposições, o diretor do Museu da Amazônia/Musa, Ennio Candotti
destacou o grande aprendizado que essa exposição traz para todos, sobre as
culturas do alto rio Negro, ressaltando, especialmente, as armadilhas de pesca
e os segredos da dança, pois ao contrário da nossa cultura, os índios têm uma
relação de respeito com essa atividade de subsistência. “Ao contrário do
predador, que pesca sem se comunicar com os peixes, os indígenas do Tiquié
conhecem a importância de se estabelecer essa comunicação, pois, caso
contrário, é como se o peixe dissesse: eu não vou participar da sua festa!”,
destacou.
Exposição retrata também o segredo das danças de indígenas do alto rio Negro |
Animais e plantas
A
outra exposição no centro de visitação do Musa no JB é Sapos, Peixes e Musgos –
a vida entre a terra e a água na Reserva Ducke, que aborda o universo dos
animais e plantas que vivem entre os ambientes aquáticos e terrestres na
Amazônia e a presença desses seres no imaginário das populações locais do
passado. A exposição ocupa tenda de 300m2 instalada no JB e conta com elementos
apresentados ao vivo na própria floresta – em consonância com o projeto
conceitual do Musa –, como briófitas e áreas de nidificação de sapos.
Entre
as peças que serão expostas, estão aquários com espécies de peixes pulmonados,
totens que explicam a respiração dos peixes, painéis que contam a evolução dos
anfíbios, uma instalação de cubos que mostra a diversidade de sapos, o jogo do
Cururu, que explora a possibilidade de conhecer as espécies de sapo através do
canto, além de réplicas de muiraquitãs. A exposição traz exemplos da transição
dos seres vivos da água para a terra.
Fonte: Musa
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