Público de todas as idades prestigiou a maloca dos indígenas na Expoagro. Fotos: Isaac Júnior |
O balanço da participação indígena na 38ª Expoagro foi apresentado nesta quinta-feira (15) pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind). O evento foi realizado no Parque de Exposições Dr. Eurípedes Ferreira Lins, no período de 26 de novembro a 4 de dezembro. De acordo com os números, o valor total de vendas foi de R$ 11,7 mil, com destaque para a Associação dos Índios Munduruku de Manaus (AIMM/Manaus), que trabalha diretamente com a comida típica desse povo (caldeirada de tambaqui e peixe assado) e teve o maior faturamento entre todas as organizações que participaram da feira: R$ 2,4 mil.
Em segundo lugar ficou a Associação Kokama Indígena de Manaus (Akim/Manaus), com a venda de tacacá que chegou a R$ 2 mil, e em terceiro a Associação das Artesãs Indígenas Residente de Manaus (AAIRM/Manaus), que confecciona colares, pulseiras, apitos, peneiras e outros produtos comercializados para subsistência das famílias indígenas que vivem na comunidade do bairro Redenção, na Zona Centro-Oeste da capital amazonense. O faturamento foi de R$ 1,8 mil.
Dezesseis organizações mostraram interesse em participar, mas somente 13 marcaram presença na Expoagro, com muito artesanato, madeira esculpida, alimentos e bebidas tradicionais dos povos indígenas do Amazonas. Aproximadamente cinco mil pessoas foram beneficiadas indiretamente com a ação e cerca de mil pessoas (por dia) visitaram a área indígena da feira, segundo registro em livro feito pelos próprios expositores.
Os números foram apresentados pela Coordenação de Promoção Cultural, Esporte e Lazer, que coordenou a participação dos indígenas na Expoagro, por meio do Departamento de Promoção dos Direitos Indígenas (Depi) da Seind. “Foi dentro das nossas expectativas”, avaliou o servidor da secretaria Deníziu Tikuna, que acompanhou tudo e deu a assistência necessária aos indígenas, antes e durante o evento.
Interesse pelos pequenos objetos foi um dos pontos fortes da exposição |
A maloca e os estandes da Seind funcionaram na área do parque intitulada Portal da Floresta, mais conhecida como seringal. Os produtos confeccionados pelos artesãos indígenas ficaram disponíveis para a venda entre 9h e 24h.
A feira de produtores indígenas na Expoagro teve oito barracas cedidas pela Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento (Semtrad) e nove estandes, todas instaladas na maloca onde foram exibidos produtos artesanais feitos pelas próprias comunidades.
Tacacá foi bastante prestigiado, assim como o caxiri e outros |
Outras organizações
Além das organizações AIMM, Akim e AAIRM, trabalharam na 38ª Expoagro a Associação Comunidade Wotchimaucu (bairro Cidade de Deus/Manaus), com a confecção de produtos de fibra de tucum; Associação de Expressão Natural do Grupo Bayaroa (Manaus), que apresentou bebidas típicas da região do rio Negro, como o Caixiri (tradicional, feita de macaxeira e pupunha); Associação de Mulheres Indígenas Sateré Mawé (AMISM/Manaus), com exposição de colares, brincos, pulseiras e outros; Associação Comunidade Indígena Wanano (Cotiria/Manaus), que mostrou comidas típicas dos povos indígenas do rio Negro como Quiãpira (caldeirada de peixe com pimenta), peixe assado e vinho de Açaí com tapioca; Associação Poterikaã-Numia (APN/Manaus), com fibra de tucum e fibra de piaçava, que servem para confeccionar brincos, colares, pulseiras, cestarias e bolsas; Associação Indígena Sateré Mawé Waykyru/Manaus), com vários colares, pulseiras, brincos, porta jóias e gargantilhas, todos feitos com semente natural; Associação Comunidade Indígena Yapurhet/Manaus, que expôs zarabatana e também colares, pulseiras e brincos.
Nesta barraca, o visitante podia tomar tacacá e escolher um produto indígena |
Participação cultural
Outro ponto positivo dos indígenas na feira foi a participação cultural voluntária da cantora Djuena Tikuna e do grupo Cuiá, formado por crianças da Associação Comunidade Indígena Inhaã-bé, A organização também levou ao parque, remédios tradicionais feitos com casca de árvores, banha de cobra, dente de boto e semente natural, sem falar no artesanato. Esses produtos também podem ser encontrados diariamente na Praça Tenreiro Aranha, Centro de Manaus.
Mais uma vez a cantora Djuena Tikuna contribuiu para a participação dos indígenas em um grande evento |
Para o coordenador da organização, Pedro Ramaw, a participação na Expoagro trouxe benefícios para toda a comunidade indígena do Tarumã Açu (zona ribeirinha da capital), formada por aproximadamente 15 famílias. “Tivemos uma renda razoável e uma recepção legal em relação ao trabalho dos meninos”, disse Pedro. “Em relação aos produtos, a procura foi pelas lembranças como pulseira, colar, alguns adereços de brinco e cestarias, que deixaram alguns visitantes curiosos, pelo primeiro contato que a maioria tive com o material”, acrescentou.
Crianças do grupo Cuiá deram conta do recado nas apresentações culturais |
Outros municípios
Do interior vieram as associações Comunidade Umariaçú (ACIU/Tabatinga), do Alto Solimões, e a União das Nações Indígenas do Distrito de IAUARETE (Unidi), de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus). A primeira trabalha com fibra de arumã, sementes, fibra de tucum e outros. Já a associação do rio Negro vendeu colares, brincos, pulseiras, peneiras e tipitis.
Inclusão Social
A 38ª Expoagro foi organizada pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror). Ao participar da feira, a Seind promoveu a inclusão social, geração de renda, valorização do patrimônio cultural, sustentabilidade ambiental e a viabilidade econômica dos povos indígenas no estado.
Maior visibilidade
Entre as sugestões para o próximo ano, as organizações indígenas solicitaram à Seind, participação em outros eventos, contratação de seguranças, conjunto de som e um espaço de maior visibilidade. “A gente quer reivindicar um espaço que visualize bem nosso trabalho, um ponto estratégico, pois assim o retorno será maior para todos nós, indígenas que participamos do evento”, justificou Pedro Ramaw. “Precisamos chamar a atenção do público para a importância de se conhecer a nossa cultura”, finalizou.
ORGANIZAÇÕES QUE VENDERAM MAIS PRODUTOS NA 38ª EXPOAGRO
N° | Organizações | Valor Total de venda | Município | Povo |
01 | AIMM | R$ 2.480,00 | Manaus | Munduruku |
02 | AKIM | R$ 2.000,00 | Manaus | Kokama |
03 | AAIRM | R$ 1.850,00 | Manaus | Arapasso |
04 | APN | R$ 1.013,00 | Manaus | Piratapuia |
Fonte: Seind
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